Após análise do conjunto probatório apresentado pelo Ministério Público do Estado do Tocantins (MPTO), a Justiça condenou 13 pessoas acusadas de integrar uma organização criminosa com atuação em Miracema do Tocantins. A decisão judicial acolheu as teses da acusação quanto à prática dos crimes de integrar organização criminosa armada e tráfico de drogas.

As penas impostas aos réus, consideradas em conjunto, ultrapassam 140 anos de reclusão. As maiores condenações foram aplicadas a Marcelo de Sousa Fernandes e Paulo Coelho Carvalho, ambos sentenciados a 14 anos e sete meses de prisão. Lucas Messias Reis, apontado como líder do grupo, recebeu pena de 12 anos e seis meses, mesma sanção fixada para Vagner Lopes Bezerra e Ana Paula Ferreira de Sousa.

Também foram condenados: Alessandro Batista Silva Rodrigues, a 13 anos e nove meses; Uilas de Sousa Leite, a 13 anos, um mês e 15 dias; Rodrigo Oliveira dos Santos, a 12 anos, um mês e sete dias; Carlos Augusto Alves da Costa, a nove anos e seis meses; Alessandro Ribeiro Reis, a nove anos e seis meses; Willian Pereira Evangelista, a nove anos e seis meses; e Natália Nunes Araújo, a cinco anos, quatro meses e 15 dias, pelo crime de organização criminosa.

Sebastiana Beatriz da Silva foi condenada a quatro anos e dois meses de reclusão por tráfico de drogas, em regime semiaberto, mas absolvida da acusação de integrar a organização criminosa.

De acordo com a decisão, todos os condenados deverão iniciar o cumprimento das penas em regime fechado. O promotor de Justiça Rodrigo de Souza foi o responsável pela sustentação da acusação. Da sentença proferida pelo Judiciário, ainda cabe recurso.

Estrutura criminosa e domínio territorial

Segundo a denúncia apresentada pelo MPTO, o grupo possuía estrutura hierarquizada, com divisão definida de funções entre lideranças, gerentes de setores e integrantes responsáveis pelo suporte armado. A organização utilizava aplicativos de mensagens para coordenar a comercialização de entorpecentes, como cocaína, maconha e crack, além de compartilhar o estatuto do grupo e imagens de apologia ao crime.

As investigações indicaram que a atuação da organização estava voltada à tentativa de domínio territorial em Miracema, cenário associado ao aumento do número de homicídios registrados no município entre 2021 e 2023. Interceptações telefônicas autorizadas judicialmente demonstraram que os réus planejavam execuções de integrantes de grupos rivais e faziam uso de armas de fogo para intimidar moradores da região.

A desarticulação do grupo ocorreu após meses de investigação policial, que identificaram intensa troca de mensagens para a coordenação de ataques contra rivais e para o abastecimento de pontos de venda de drogas na cidade. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, foram encontradas substâncias entorpecentes, balanças de precisão, quantias em dinheiro e armas de fogo, tanto artesanais quanto convencionais.

A Justiça também determinou o perdimento de todos os bens e valores apreendidos em favor do Estado.