Lula assume presidência rotativa do Mercosul e reforça prioridade a acordos internacionais

03 julho 2025 às 17h04

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Na 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada nesta quinta-feira, 3, em Buenos Aires, o Brasil passou a ocupar a presidência rotativa do bloco. O cargo, anteriormente sob responsabilidade do presidente da Argentina, Javier Milei, será exercido por Luiz Inácio Lula da Silva até dezembro deste ano. A reunião também reforçou o andamento de negociações comerciais, com destaque para o tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
Durante a cúpula, Lula declarou que “está confiante” na assinatura do acordo ainda em 2025 e anunciou o interesse do governo brasileiro em expandir a rede de parcerias comerciais com outros países.
O presidente chegou à capital argentina na noite de quarta-feira, 2, acompanhado da primeira-dama Rosângela “Janja” da Silva. O casal foi recebido por apoiadores na Embaixada do Brasil, onde permaneceu hospedado. Na reunião desta quinta, Lula recebeu simbolicamente a liderança do bloco das mãos de Milei, em um momento descrito como raro de cordialidade entre os dois.
Esta foi a primeira visita oficial de Lula à Argentina desde que Javier Milei assumiu a presidência, em dezembro de 2023. Apesar do histórico de proximidade entre os dois países, ainda não houve um encontro bilateral entre os atuais chefes de Estado.
Embora não tenha sido marcada uma reunião privada entre Lula e Milei durante o evento, o ambiente na cúpula foi considerado de trégua. Também está prevista uma visita do presidente brasileiro à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar após condenação por corrupção. Além disso, Lula deve se encontrar com o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
Presidência rotativa
A presidência rotativa do bloco é exercida por períodos de seis meses entre os países membros — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Bolívia, que teve sua entrada aprovada recentemente, participou do encontro representada pelo presidente Luis Arce. Também estiveram presentes Yamandú Orsi, do Uruguai, e Santiago Peña, do Paraguai.
Em sua fala durante o evento, Lula apresentou as principais pautas que pretende conduzir no período em que o Brasil estará à frente do Mercosul. Entre elas, estão o fortalecimento do comércio intra e extrabloco, a inclusão dos setores automotivo e açucareiro na união aduaneira, e a ampliação do papel do bloco em meio ao cenário econômico internacional, marcado por disputas entre Estados Unidos e China.
“É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia”, afirmou.
Além do acordo com a União Europeia, o governo brasileiro trabalha para concluir os trâmites de um tratado de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Segundo o Itamaraty, as negociações foram encerradas em 2 de julho e o texto está em fase de revisão, com divulgação prevista para agosto. A expectativa é de que a parceria estabeleça uma zona de livre comércio com cerca de 300 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) combinado acima de US$ 4,3 trilhões.
O presidente brasileiro também indicou que pretende iniciar tratativas com países como Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana, além de revisar acordos já existentes com Colômbia e Equador.