Mais veículos, mesmo problema: população reclama de superlotação no transporte coletivo da Capital
11 dezembro 2023 às 16h17
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Nesta segunda-feira, 11, alguns dos 30 ônibus locados pela Prefeitura de Palmas começaram a circular pela cidade. Apesar de a gestão anunciar que os veículos são novos, não são frota zero km. Segundo o documento de chamamento público, os ônibus são nacionais, com ano modelo igual ou superior a 2019.
Conforme a prefeitura, essa aquisição, feita por meio de locação das empresas Atlântico Transportes Ltda e Sightseeing, representa um investimento mensal de R$ 1,5 milhão, com a expectativa de chegada de mais 40 veículos nos próximos dias, totalizando 100 ônibus conforme o edital de contratação.
A técnica em enfermagem, Cilene Gomes, afirmou em entrevista ao Jornal Opção Tocantins que até o momento não percebeu profundas melhorias no serviço. Disse que chegou na estação de ônibus, em Taquaralto, por volta das 7h30 desta segunda e que às 8h15 ainda não tinha conseguido embarcar para o centro da Capital. “Os ônibus que eram para passar de 10 em 10 minutos, passam todos de uma vez só. Superlotados. E a gente fica aqui perdendo tempo, chegando atrasado nos compromissos”.
Passageira assídua do transporte público municipal, Cilene revelou que a maioria dos ônibus da Capital está utilizável. “Mas tem vários com defeitos, inclusive em um que eu entrei hoje um senhor estava sentado em uma poltrona que não tinha a parte detrás”, comentou.
Segundo a prefeitura, os ônibus possuem capacidade para 44 passageiros sentados e 30 em pé, ar-condicionado de 136 mil btus, suspensão pneumática, sistema de monitoramento interno e seguro para terceiros. Adaptados para atender pessoas com deficiência, fazem parte do plano de modernização da frota municipal, substituindo veículos antigos. O presidente da Agência de Transporte Coletivo de Palmas (ATCP), Eliezer Moreira de Barros, destaca que a iniciativa busca reduzir a superlotação, diminuir o tempo de espera e oferecer maior acessibilidade e conforto aos usuários.
Abrigos deficitários
O estudante Vitthor Rodrigues acrescentou que, apesar de ainda não ter usado um ônibus da frota nova, está entusiasmado com a chegada dos novos ônibus, que prometem um transporte público mais eficiente. “No entanto, é importante abordarmos os desafios persistentes relacionados à frota antiga, destacando a importância de uma gestão proativa para garantir a qualidade do serviço. Acredito que é hora de um olhar atento para melhorias significativas por parte da gestão municipal, visando proporcionar uma experiência de transporte mais satisfatória para todos os cidadãos”.
Ele relatou que a principal dificuldade ocorre em relação aos horários. “Falo da posição de um estudante universitário e estagiário que pega ônibus pelo menos 3 ou 4 vezes ao dia. E também sobre os abrigos dos passageiros nas estações, nos pontos de ônibus. Aqui sofremos constantemente com isso, seja no calor ou na chuva”, acrescentou. Os abrigos são, na maioria das vezes, deficitários, e não protegem do sol ou dos fortes temporais que a Capital tem enfrentado.
Imbróglio
Desde que a prefeitura assumiu a administração do sistema municipal de transporte público, muitos acidentes ocorreram com os veículos, desde colisões a incêndios. Por conta disso, a superlotação nos ônibus tem sido persistente. Para quem mora na região sul de Palmas, a situação tem se mostrado ainda pior. As pessoas relatam ter que sair de casa muito mais cedo que o necessário, para poder pegar a condução com direção ao centro. Muitos ônibus também encontram-se sujos e com muitos reparos por fazer.
Na semana passada, o Ministério Público do Tocantins (MPTO), através da 15ª Promotoria de Justiça da Capital, moveu uma ação civil pública contra o Município de Palmas e a Agência de Transporte Coletivo de Palmas. A ação visa corrigir deficiências nos serviços de transporte público, identificadas durante um inquérito civil público desencadeado por reclamações dos usuários. Problemas como superlotação, falta de motoristas, frota insuficiente, dificuldades na migração do sistema de bilhetagem eletrônica e outros foram mencionados.
A Promotoria busca uma liminar para que a administração apresente um plano de ação para corrigir as falhas e garantir um serviço regular e de qualidade. Além disso, é solicitada uma indenização por dano moral coletivo de R$ 100 milhões. O plano de ação deve abordar diversos aspectos, como admissão e qualificação de mão de obra, operação do sistema de bilhetagem, gerenciamento de compras, controle de abastecimento, supervisão da escala de funcionários, manutenção dos veículos, divulgação de horários e itinerários, entre outros pontos.