O depoimento prestado por Rejane Mendes da Silva à Polícia Civil revela detalhes sobre a morte do empresário José Paulo Couto, de 75 anos, em Araguaína. Segundo a 2ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a suspeita, de 45 anos, admitiu o crime e permanece presa. O vídeo da oitiva foi inicialmente exposto no Jornal Anhanguera 2ª edição.

Conforme depoimento, Rejane afirmou que a motivação foi uma discussão iniciada após o empresário dizer que pretendia encerrar o relacionamento e reduzir o valor que repassava mensalmente a ela. “Era o valor que sempre passava, mil e seiscentos, mais um pouco, dava mil e setecentos. Aí ele falou que estava devendo muito, que não podia passar, que ia me dar menos. Eu não aceitei”, declarou.

A mulher relatou que, no momento da conversa, ele disse que poderia ajudar apenas com R$ 600. Ela contou que isso a deixou irritada porque tinha dívidas a pagar. “Aí ele disse que ía embora, que não ia mais me ajudar e que não queria mais saber de mim. Isso foi me estressando. Eu empurrei ele, e na hora que puxei, ele caiu com o rosto no chão, na cama. Não foi questão de bater.”

No depoimento, a suspeita disse que chegou a falar sobre amarrá-lo, mas que ele se recusou. “Ele perguntou para que eu estava fazendo aquilo. Eu disse: ‘Você não quer entrar em acordo?’. Ele respondeu: ‘Não [quero entrar em acordo], [quero] do meu jeito’.” Ainda segundo Rejane, ela conseguiu segurar o braço dele e afirmou que ele só sairia do local após pagar a quantia combinada.

A mulher relatou que o empresário tentou sair, mas caiu novamente. Ela afirmou que disse a ele: “Se você fizer isso, vai acabar com a sua vida, eu te perdoo”. Em seguida, foi até a cozinha, onde viu a faca. “Pensei: ‘Está tudo perdido mesmo para mim, vou terminar o que tinha que fazer’. Nesse momento, eu matei ele. Na minha cabeça, se eu deixasse ele sair machucado, ele poderia ir à polícia e contar que fui eu. Fiquei com medo disso.”

Rejane contou que voltou para o cômodo com a faca na mão. “Ele achou que eu ia cortar as cordas para libertar. Mas, em vez disso, eu coloquei a faca no pescoço dele. Ele pediu: ‘Me solta, ainda dá tempo. Eu te perdoo. Não vou te entregar para a polícia’. Mas eu iniciei o golpe. Primeiro encostei a faca no lado dele e depois fui apertando.”

Segundo ela, o empresário ainda pediu ajuda. “Ele falou: ‘Chama alguém, ainda dá tempo, não vou morrer. Não vou te entregar para a polícia’. Eu pensei: ‘Se eu deixar, ele vai me entregar’. Então continuei.” A suspeita afirmou que houve um intervalo de cerca de meia hora entre a primeira e a segunda perfuração, período no qual ela disse que “conversaram bastante”.

A mulher está detida na delegacia de Ananás, no norte do Tocantins. A prisão temporária foi convertida em preventiva na sexta-feira, 8 pelo juiz Kilber Correia Lopes, da 1ª Vara Criminal de Araguaína.

Entenda o caso
O corpo de José Paulo foi encontrado no dia 10 de julho, embaixo de uma ponte na Avenida Frimar, após denúncia anônima. Ele estava amarrado e enrolado em panos. No mesmo dia, a polícia localizou o carro da vítima abandonado em um terreno baldio.Rejane, com quem o idoso mantinha um relacionamento, foi denunciada pelo Ministério Público e tornou-se ré por homicídio qualificado. Ela está presa desde 12 de julho e, no primeiro depoimento, confessou o crime.