Júnior Kamenach

O Brasil comemora com entusiasmo as medalhas [bronze por equipes e prata de Rebeca Andrade na ginástica artística] conquistada durante a Olimpíada de Paris. As vitórias, alcançadas na terça, 30, e quinta-feira, 1º, na Arena Bercy, representam a culminação de mais de quatro décadas de trabalho árduo.

Nesse período, o Brasil evoluiu de um competidor sem chances significativas para um sério candidato ao pódio ao lado das maiores potências da modalidade. A conquista é significativa por diversas razões:

  • ocorre em uma das provas mais prestigiosas dos Jogos;
  • é resultado de um esforço coletivo;
  • e destaca o talento e a dedicação de ginastas como Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira.

O impacto do sucesso dessas atletas na promoção do esporte e na construção da autoconfiança de jovens brasileiras não deve ser subestimado. Desde os Jogos de Moscou, em 1980, quando Claudia Magalhães se tornou a primeira brasileira a competir na ginástica artística, o cenário mudou drasticamente.

Naquela época, o Brasil era um outsider em um domínio fechado. Desde então, os pódios por equipes foram amplamente dominados por potências olímpicas como União Soviética/Rússia, EUA, China, Romênia e Alemanha, com participações esporádicas de Grã-Bretanha e Itália.

As transformações ocorreram de forma lenta, mas constante. Os resultados de hoje refletem o trabalho árduo de pioneiras como Tatiana Figueiredo, Soraya Carvalho, Luisa Parente, Daniele Hypólito e a campeã mundial Dayane dos Santos, além de outras grandes ginastas.

A tão desejada medalha por equipes foi conquistada ao longo do tempo, passo a passo. Antes de Paris, os melhores desempenhos da ginástica brasileira por equipes foram os oitavos lugares em Pequim 2008 e Rio 2016.

Embora o salto espetacular de Rebeca Andrade, com uma nota de 15.100, tenha impulsionado a equipe ao pódio, o sucesso seria impossível sem as contribuições decisivas de todas as atletas. Essa vitória demonstra, mais uma vez, que cenários aparentemente imutáveis podem ser transformados.

Nos anos 1980, o voleibol brasileiro era apenas mais um esporte. Hoje, é uma potência mundial, com cinco medalhas de ouro olímpicas: três no masculino (Barcelona 1992, Atenas 2004 e Rio 2016) e duas no feminino (Pequim 2008 e Londres 2012), além de outros pódios.

O triunfo da ginástica artística em Paris aponta um caminho claro para o Brasil. Ele mostra que, com uma base sólida, preparação eficaz, investimento na formação de atletas de alto nível e um trabalho sério e contínuo, os resultados aparecem. Sem dúvida, o brilho de Rebeca Andrade e suas companheiras poderá inspirar muitas outras meninas a sonhar com suas próprias conquistas.