Em Palmas, a vida da servidora pública Devania Mendonça Gomes tem ficado cada vez mais complicada conforme se agravam as situações de saúde dela, que tem fibromialgia, e dos filhos, uma menina de cinco anos, que sofre de hanseníase, e um menino de sete, que convive com o transtorno do espectro autista. Apesar das recentes reformas estruturais e entrega de obras, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) ainda tem passado por algumas fragilidades.

“As pessoas que nos atendem são maravilhosas. Mas a rede municipal não tem insumos. A minha filha de cinco anos não teve como fazer tratamento com a medicação enviada pelo Ministério da Saúde, pois não tem no nosso postinho nem para a idade nem para o peso dela. Precisa ser manipulado. Manipulei por cinco meses e agora não consigo mais. As enfermeiras se juntaram para manipular e doar para mim, tirando do bolso delas”, narrou.

Atendida pela Unidade de Saúde da Família (USF) Morada do Sol, em Palmas, ela conta que toma quatro tipos de remédios e que não consegue encontrar nenhum no Sistema Único de Saúde (SUS). “Estou comprando todos, inclusive do meu filho autista. Nem dipirona você encontra mais. É uma coisa triste. Eu sou concursada e tenho meu salário todos os meses, mas imagina essa situação para quem não tem de onde tirar. Isso é lamentável”.

Na Capital, o representante comercial Adriano Nascimento também tem passado por situações difíceis. A esposa dele está grávida de seis meses e precisa fazer o pré-natal. “Minha esposa nunca foi atendida pelos médicos da USF da 503 Norte, somente por enfermeiros. Eles marcam a consulta pras 7h30, mas o pessoal da saúde só chega 9 horas. A enfermeira perguntou pra minha esposa se ela está grávida porque não estava ‘se cuidando’, sendo que a gravidez foi planejada. Por conta dessas situações, estamos tendo que ir na rede particular”.

Ele explica que a esposa só voltou à unidade para tomar vacinas, mas não tem voltado mais para outras situações por conta do atendimento que consideram ruim. “Um grande desrespeito com os contribuintes que pagam impostos pra ter um péssimo atendimento e às vezes nem ser atendido por conta de não ter médicos nos postinhos”.

Situação semelhante ocorreu com o administrador cirúrgico Divino Silva. Recentemente, ele foi até o posto de saúde da 503 Norte para ter atendimento médico, mas o profissional se encontrava afastado por motivos de saúde. Silva disse que o informaram que a médica que estava na unidade, atendia apenas o setor que ela era responsável e os casos de maior risco.

“Fui encaminhado à enfermeira porque necessitava de uma solicitação de exames e da prescrição de um medicamento, a mesma fez a solicitação dos exames e prescreveu o medicamento. Porém não sendo eficaz ao meu problema, terei que retornar ao médico e irei procurar o setor privado”, lamentou. “Pra mim não foi tão difícil assim, até porque tenho como ir na rede privada caso for preciso. Mas pra quem depende inteiramente do sistema público é mais difícil”, também comentou.

Apesar de a Semus ter anunciado recentemente o abastecimento de 70% do estoque, o Ministério Público do Estado (MPE) também denunciou falta de uma série de medicamentos básicos durante vistoria.

Nota da Semus

A Secretaria Municipal da Saúde (Semus) informa que, por uma eventualidade, na última sexta-feira, 15, foi necessário reagendar as pacientes que fazem o acompanhamento do pré-natal na Unidade de Saúde da Família (USF) da Arno 61 (503 Norte) para esta terça e quarta-feira, 19 e 20, respectivamente. Destaca ainda que as usuárias são assistidas mensalmente, sem prejuízo as mães ou aos bebês.

Em relação aos medicamentos na USF Morada do Sol, a pasta esclarece que a pregabalina e rosuvastatina não fazem parte da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume), nestes casos, o médico faz a substituição desses fármacos. A amitriptilina tem em estoque, assim como o poliquimioterapia única (pqt-u) infantil para tratamento de hanseníase. O lorazepam e fluoxetina já foram adquiridos e a secretaria aguarda a entrega para reposição nas farmácias municipais.