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Nesta segunda-feira, 29, o Ministério Público do Tocantins (MPTO), por meio da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Araguaína, apresentou denúncia formal contra a influenciadora digital Maria Karollynny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, acusada de liderar um esquema de exploração de jogos de azar, crimes contra a economia popular e lavagem de dinheiro. A investigação aponta que, entre 2019 e 2025, a organização criminosa estruturada por ela teria movimentado mais de R$ 217 milhões, utilizando empresas de fachada e laranjas para ocultar o patrimônio ilícito. 

A denúncia é assinada pelos promotores de Justiça Kamilla Naiser Lima Filipowitz, Jeniffer Medrado R. Siqueira e Matheus Eurico B. Carneiro. Agora, cabe à 1° Vara Criminal de Araguaína decidir se os acusados se tornarão réus.

Segundo a denúncia, Karol promovia jogos como o “Tigrinho”, simulando ganhos em redes sociais para induzir seguidores ao erro, enquanto recebia comissões de até 20% sobre as perdas dos jogadores. Além dela, também foram denunciados o namorado, Dhemerson Rezende Costa, que movimentou mais de R$ 9 milhões sem comprovação de renda lícita; a mãe, Maria Luzia Campos de Miranda, que auxiliava nas operações; e o empresário Cristiano Arruda da Silva, responsável por criar uma holding para blindagem patrimonial.

As investigações identificaram que somente as contas de pessoa física de Karol receberam mais de R$ 37 milhões diretamente das plataformas de apostas, totalizando movimentação de R$ 39,7 milhões. Já a empresa Karol Digital Ltda. transferiu R$ 29,6 milhões para a influenciadora, em contraste com os rendimentos declarados à Receita Federal. O Ministério Público pede o confisco de R$ 69,3 milhões, considerados integralmente incompatíveis com rendimentos lícitos.

O patrimônio adquirido inclui bens de luxo, como um Porsche 911 Carrera avaliado em R$ 979 mil, uma RAM 3500 de R$ 475 mil e uma McLaren Artura de R$ 3,1 milhões. Também foram sequestrados sete imóveis em Araguaína e Babaçulândia, além de uma fazenda em Palmeirante avaliada em R$ 8 milhões, com criação de gado e cavalos de raça.

Karol Digital e o namorado foram presos em 22 de agosto deste ano, em Araguaína, durante a Operação Fraus, deflagrada pela Polícia Civil em parceria com o Ministério da Justiça. Eles seguem custodiados — ela na Unidade Penal Feminina de Ananás e ele na unidade prisional de Araguaína.

A defesa do casal entrou com habeas corpus pedindo a conversão da prisão preventiva em domiciliar, alegando que Karol havia passado por cirurgia pouco antes da detenção e que sua filha de seis anos dependia dela. No entanto, o pedido foi negado em primeira e segunda instâncias. A desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe destacou que as supostas atividades ilícitas eram cometidas no ambiente doméstico, inclusive com uso da imagem da criança em redes sociais, o que afastaria a aplicação automática de precedentes que concedem prisão domiciliar a mães de filhos pequenos.

Embora tenha mantido a prisão, a Justiça determinou a realização de perícia médica oficial para avaliar o quadro clínico da investigada e verificar a necessidade de tratamento fora do presídio. Enquanto isso, o processo criminal segue em andamento, e o Ministério Público pede a condenação dos quatro denunciados, além do confisco alargado dos bens adquiridos com o esquema.

O que diz a defesa

Em relação à denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Tocantins, a defesa de Maria Karollyny, Maria Luzia e Dhemerson Resende, lembra que o princípio da inocência (ou presunção de inocência) é uma garantia constitucional que afirma que ninguém pode ser considerado culpado até que uma decisão judicial final e condenatória seja proferida e transite em julgado. Esse princípio assegura a liberdade do indivíduo, transfere o ônus da prova para a acusação e exige que a culpa seja comprovada, evitando condenações precipitadas e protegendo os direitos humanos.

Desta forma recebe com tranquilidade e respeito a denúncia e tem convicção absoluta que, ao final do processo, a inocência dos denunciados será comprovada.

Juvenal Klayber Coelho

O Jornal Opção Tocantins tenta contato com a defesa do empresário de Karol Digital.

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