Operação nas Serras Gerais mira facção que movimentou R$ 70 milhões em esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico

29 maio 2025 às 08h15

COMPARTILHAR
Uma operação de grande porte foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 29, pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Tocantins (FICCO/TO) com o objetivo de desarticular a estrutura financeira e de apoio logístico de uma organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas.
As investigações começaram no início de 2024 e apontam que duas facções criminosas movimentaram aproximadamente R$ 70 milhões em apenas oito meses. Parte do esquema incluía a utilização de empresas verdadeiras e de fachada, entre elas, construtoras, para ocultar a origem ilícita dos recursos.
As diligências começaram após uma abordagem da Polícia Militar no posto fiscal de Novo Jardim, na divisa do Tocantins com a Bahia, em abril de 2024. Dois homens de Goiás foram flagrados transportando mil litros de combustível de aviação, destinados a uma fazenda em Almas (TO), onde uma aeronave descarregaria drogas. Um deles, com mandado de prisão em aberto e histórico criminal, foi preso.
A dupla é suspeita de atuar para uma facção criminosa, utilizando fazendas no Tocantins com pistas clandestinas para movimentar cargas de até 500 kg de cocaína, avaliadas em mais de R$ 15 milhões cada.

Um dos alvos da operação foi o banco digital 4TBANK, que recebeu repasses milionários de empresas ligadas a uma facção de Goiás com atuação no Tocantins. O mesmo banco já havia sido citado em investigação da Polícia Civil de São Paulo, em agosto de 2024, por suspeita de operar como instituição financeira paralela para fins de lavagem de dinheiro.
Cerca de 200 agentes foram mobilizados para o cumprimento de 50 mandados judiciais: 15 de prisão temporária e 35 de busca e apreensão, em ações simultâneas realizadas em 16 municípios, espalhados por seis estados:
- Tocantins: Palmas, Almas, Dianópolis e Formoso do Araguaia
- Goiás: Goiânia, Aparecida de Goiânia e Goianira
- Bahia: Luís Eduardo Magalhães
- São Paulo: São Paulo e Itu
- Maranhão: Imperatriz, Davinópolis e João Lisboa
- Pará: Xinguara e Itaituba
Também foram determinadas medidas de bloqueio e sequestro de bens, envolvendo 35 pessoas físicas e jurídicas. O valor total bloqueado ultrapassa R$ 64 milhões. Entre os bens apreendidos estão fazendas localizadas na região das Serras Gerais (TO), que serviam como pontos estratégicos de apoio ao tráfico, além de veículos de luxo, caminhões, aeronaves e embarcações.

Os investigados poderão responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico de drogas.
O nome da operação faz alusão à região das Serras Gerais, no sudeste do Tocantins, onde parte da estrutura criminosa estava instalada. A ação foi coordenada pela FICCO/TO, que reúne as Polícias Federal, Civil, Militar e Penal do estado. Contou ainda com o apoio de unidades especializadas como o DRACO (TO e GO), BOPE (TO e GO), além de equipes da Polícia Federal dos estados envolvidos.