Um dos presos na nova fase da Operação Sisamnes, deflagrada nesta sexta-feira (27) pela Polícia Federal, já é réu em outro processo criminal que envolve o ex-governador Mauro Carlesse (Agir). Trata-se do policial civil Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz, que responde por crimes como organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade e denunciação caluniosa. A reportagem tenta contato com a defesa do suspeito.

O processo teve origem em 2020 e ganhou repercussão com a Operação Éris, que investigou o suposto aparelhamento da Polícia Civil durante o governo Carlesse. Segundo o Ministério Público do Tocantins (MPTO), Marco Albernaz e outros oito agentes de segurança pública participaram de um esquema para forjar um flagrante com drogas contra um DJ de Gurupi, apontado como responsável pela divulgação de um vídeo íntimo atribuído à então primeira-dama do Estado.

A denúncia relata que o grupo conduziu uma investigação clandestina, usou viaturas oficiais e chegou a plantar drogas na motocicleta e no quintal da casa da vítima. O DJ ficou preso por 13 dias, até que a Justiça concluiu que ele era inocente e não havia sequer indícios de envolvimento com tráfico.

A lista de réus inclui:

  • O ex-governador Mauro Carlesse;
  • O delegado Enio Wálcacer Oliveira Filho;
  • Os policiais civis Carlos Augusto Pereira Alves, Antônio Martins Pereira Júnior, Santhiago Araújo Queiroz de Oliveira;
  • O escrivão Victor Vandré Sabará Ramos;
  • Os agentes José Mendes da Silva Júnior, Marco Albernaz e Ricardo José de Sá Nogueira.

Após quase um ano de disputa sobre a jurisdição, o Tribunal de Justiça fixou a 3ª Vara Criminal de Palmas como responsável pelo caso. A denúncia foi aceita em novembro de 2023 pelo juiz Márcio Soares da Cunha, que considerou haver elementos suficientes para abrir a ação penal. 

Nova prisão

Nesta sexta, Marco Albernaz voltou a ser preso, desta vez no contexto da Operação Sisamnes, que investiga o vazamento de informações sigilosas do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e possível venda de decisões judiciais. Ele foi detido junto com o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e o advogado Antônio Ianowich

Em nota ao Jornal Opção Tocantins, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que a investigação que envolve o policial está sendo acompanhada pela Corregedoria-Geral da SSP, e que serão tomadas todas as providências administrativas cabíveis.

A Polícia Federal afirma ter identificado uma rede de influência que atuava para antecipar operações policiais e proteger aliados. Em conversas interceptadas, Eduardo menciona ter sido informado previamente por um ministro do STJ sobre uma ação da PF – fato que motivou a operação autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No caso da Sisamnes, os nomes dos presos ainda não constam como réus, já que o inquérito está em fase inicial no STF e segue sob sigilo.