Presidente do Irã, Ebrahim Raisi morre aos 63 anos
20 maio 2024 às 09h16
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O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morreu em um acidente de helicóptero no último domingo, 19, segundo informou a imprensa estatal iraniana. Em meio a uma forte neblina, a aeronave em que ele estava perdeu o controle caiu em uma região montanhosa do noroeste do país. Aos 63 anos, Raisi deixa a esposa Jamileh Alamolhoda e duas filhas.
O mandatário viajava acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, do governador da província do Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati e do líder de oração de 6ª feira de Tabriz, Hojjatoleslam Al Hashem, além de outras autoridades,
Após uma grande operação de busca e resgate lançada no dia do acidente, o Crescente Vermelho iraniano confirmou nesta segunda-feira, 20, que os corpos do presidente e das demais vítimas foram resgatados.
Em comunicado divulgado após sua morte, o governo iraniano disse que continuaria a operar “sem interrupções”. O perfil de Raisi no X publicou uma mensagem em homenagem ao líder citando um trecho do Alcorão, o livro sagrado muçulmano.
Quem era Ibrahim Raisi
Ibrahim Raisi, populista ultraconservador, nasceu em novembro de 1960, em Mashhad, Irã. Com carreira construída no Judiciário, ocupou cargos como procurador-geral (2014-2016), vice-chefe de Justiça (2004-2014) e promotor em Teerã nas décadas de 1980 e 1990.
Raisi foi eleito presidente em 2021, no primeiro turno, com 62% dos votos, após uma campanha marcada por alta abstenção e falta de opositores fortes. O novo presidente substituiu Hasan Rohani, cujo principal feito foi o acordo nuclear de 2015.
Ibrahim Raisi assumiu o Irã em uma situação precária, visto que pouco tempo antes de assumir a presidência, o governo estadunidense, sob presidência de Donald Trump, tinha decidido rever o acordo nuclear estabelecido entre o Irã e os Estados Unidos. Do ponto de vista de nações como EUA e Israel, o acordo nuclear era uma maneira de impedir que o Irã desenvolvesse a bomba.
Problemas internos
O presidente do Irã apoiava a segregação de gêneros e condenava as relações homossexuais, prática que já descreveu como selvageria. Apoiado no fundamentalismo iraniano, apresentava visões radicais em declínio no país, em especial entre os mais jovens.
Raisi enfrentou críticas por violações de direitos humanos, incluindo a execução de 3.000 dissidentes em 1988, acusações que ele nega. Sua morte pode causar disputas internas pelo poder, com a oposição frequentemente desqualificada pelo Conselho Guardião, que aprova ou barra candidatos nas eleições. Segundo Uriã Fancelli, essa disputa dificilmente envolveria uma oposição real, devido à perseguição e desqualificação de candidatos opositores pelo Conselho.