Redução no orçamento limita expansão de bolsas e projetos na UFT em 2026, diz reitora
28 dezembro 2025 às 10h49

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Os cortes aprovados pelo Congresso Nacional no orçamento das universidades federais para 2026 também terão impacto direto na Universidade Federal do Tocantins (UFT), que terá redução de recursos para funcionamento básico e assistência estudantil. A avaliação consta em nota divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que aponta uma diminuição de 7,05% no orçamento das 69 universidades federais, o equivalente a R$ 488 milhões a menos no próximo ano.
Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, a reitora da UFT, Maria Santana, afirmou que “durante as tramitações da LOA, a UFT teve R$ 2,8 milhões, equivalente a 7%, cortados dos recursos destinados ao funcionamento básico da Universidade”. Ela explicou que, somados ao aumento médio de 10% nos contratos continuados, os cortes impactarão diretamente a execução de atividades administrativas, como limpeza, vigilância, energia, água e manutenção da infraestrutura. Segundo a reitora, essas limitações afetarão toda a operação da universidade e exigirão ajustes rigorosos na gestão de recursos.
Sobre ensino, pesquisa, extensão e inovação, Maria Santana destacou que “as restrições orçamentárias reduzirão as possibilidades de ampliação do número de bolsas, aquisição de insumos para as atividades acadêmicas, visitas técnicas, aulas de campo e manutenção de laboratórios, que estavam sendo planejadas para 2026”. Ela ressaltou que esses cortes vão limitar projetos que estavam planejados para ampliar a qualidade do ensino e da pesquisa na instituição.
A reitora também comentou sobre a assistência estudantil, dizendo que “o valor destinado à Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) teve R$ 1,2 milhão, equivalente a 7%, retirados do orçamento, o que afeta diretamente aos auxílios, moradia estudantil, transporte e outros programas que visam a inclusão e o bem-estar dos alunos”. Santana explicou que a redução compromete o apoio aos estudantes em situação de vulnerabilidade social, que dependem da universidade para seguir com sua formação acadêmica.
Em relação ao ensino, a medida impactará a pesquisa e extensão e inovação, as restrições orçamentárias reduzirão as possibilidades de: ampliação do número de bolsas, aquisição de insumos para as atividades acadêmicas, visitas técnicas, aulas de campo e manutenção de laboratórios, que estavam sendo planejadas para 2026.
Preocupação com limitação orçamentária
No comunicado, a Andifes informa que a limitação orçamentária não ocorre de forma uniforme entre as universidades e incide sobre ações consideradas essenciais para o funcionamento da rede federal de ensino superior.
Maria Santana acrescentou que “a diminuição do orçamento para assistência estudantil é particularmente preocupante, pois, sem esses recursos, será difícil garantir a equidade e a inclusão no acesso e permanência no ensino superior. Para os auxílios financeiros, o planejamento de nossa gestão era de aumento no quantitativo de alunos beneficiados, que por hora, passará por uma reprogramação, para priorizar os alunos que já se encontram assistidos, de modo a minimizar os impactos negativos no processo de suas formações acadêmicas”.
Assistência estudantil
De acordo com a associação, uma das áreas atingidas é a assistência estudantil, que reúne políticas voltadas à permanência de estudantes de baixa renda nas universidades. A nota afirma que “a situação é ainda mais grave no que se refere à assistência estudantil, área estratégica para a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica”.
Maria Santana acrescentou à entrevista que “a diminuição do orçamento para assistência estudantil é particularmente preocupante, pois, sem esses recursos, será difícil garantir a equidade e a inclusão no acesso e permanência no ensino superior. Para os auxílios financeiros, o planejamento de nossa gestão era de aumento no quantitativo de alunos beneficiados, que por hora, passará por uma reprogramação, para priorizar os alunos que já se encontram assistidos, de modo a minimizar os impactos negativos no processo de suas formações acadêmicas”.
Já conforme a associação, apenas nessa área o corte foi de aproximadamente R$ 100 milhões, equivalente a uma redução de 7,3%. A Andifes destaca que a diminuição dos recursos compromete a implementação da nova Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e pode afetar iniciativas relacionadas ao acesso e à permanência no ensino superior público.
Em 2024, cerca de 400 mil estudantes foram atendidos pela política, segundo dados do Ministério da Educação. Entre as ações previstas estão a concessão de bolsas, oferta de alimentação e acesso à moradia durante o período de realização dos cursos, além de outras medidas voltadas a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Pesquisa científica
A Andifes também aponta que, caso não haja recomposição orçamentária, o orçamento das universidades federais em 2026 será nominalmente inferior ao executado em 2025. A avaliação desconsidera os efeitos da inflação e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente os relacionados à mão de obra.
Sobre como lidar com o orçamento reduzido e os reajustes contratuais, a reitora afirmou ao Jornal Opção que “caso não haja recomposição orçamentária, a UFT precisará adotar estratégias rigorosas para lidar com um orçamento que já se apresenta insuficiente e ainda considerando o planejamento de melhorias vislumbrado para o próximo ano. O aumento de 10% ao ano nos contratos de serviços essenciais, somado ao corte de R$ 2,8 milhões no funcionamento geral e à 1,2 milhões na Política de Assistência Estudantil, resultará em uma pressão significativa sobre a entrega de resultados e a efetividade na execução dos recursos de custeio”.
A UFT adotará as seguintes medidas para mitigar os impactos:
1. Priorização de serviços essenciais, como segurança, limpeza, transporte e energia, garantindo o bom funcionamento da instituição.
- Renegociar contratos e reduzir custos operacionais sempre que possível, sem comprometer a qualidade dos serviços essenciais.
- Revisar contratos de terceirização e replanejar atividades para maximizar a eficiência do uso dos recursos disponíveis.
2. As atividades não essenciais serão criteriosamente analisadas mensurando o impacto concreto e efetivo nas ações planejadas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), que entrará em um novo ciclo, de 2025 a 2030.
3. A UFT continuará a buscar parcerias e financiamentos externos para suprir lacunas orçamentárias, mas sem comprometer sua missão pública de oferecer um ensino de qualidade, focado na inclusão e no desenvolvimento social.
Maria Santana concluiu que “embora o cenário orçamentário seja desafiador, a UFT se compromete a continuar buscando alternativas para preservar seus compromissos acadêmicos e garantir a permanência dos estudantes, especialmente os mais vulneráveis, a uma educação superior de qualidade focada na excelência pedagógica, inovação e adequação às necessidades do mundo do trabalho e da sociedade”.
