Somos tenta manter coerência na base de Siqueira Campos e critica extinção da Secretaria da Mulher

17 outubro 2025 às 11h14

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Depois de enfrentar um impasse semelhante no governo interino de Laurez Moreira (PSD), o Coletivo Somos (PT) volta a viver uma “sinuca de bico”, desta vez dentro da gestão do prefeito José Eduardo Siqueira Campos (Podemos). O grupo, que construiu sua identidade na defesa dos direitos humanos, da diversidade e da igualdade, agora se vê diante do desafio de manter coerência enquanto integra um governo que acaba de extinguir a Secretaria da Mulher.
A medida faz parte do pacote de reestruturação administrativa anunciado por Siqueira para conter despesas diante da queda de arrecadação. Foram fundidas 14 secretarias, num movimento que o Paço Municipal quer apresentar como gestão eficiente com a redução de estruturas, entre elas a pasta da Mulher, chefiada até então por Solange Duailibe (PT).
O que torna o episódio politicamente delicado é o fato de o Somos manter espaço no alto escalão: o co-vereador José Eduardo de Azevedo comanda a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, uma das poucas que escaparam da tesoura. A permanência do grupo na gestão tornou inevitável a cobrança por uma posição pública.
E ela veio. Em nota divulgada nas redes sociais, o coletivo afirmou: “A MP que extingue a Secretaria da Mulher e junta suas atribuições à Ação Social já chegou à Câmara. Somos contra essa medida. A Ação Social já tem inúmeras demandas, e políticas públicas para mulheres precisam de espaço próprio e prioridade. Vamos analisar a MP no parlamento, cobrar a gestão e lutar para que a pasta da Mulher retorne.”
O posicionamento reafirma a coerência do grupo e ecoa a postura adotada em setembro, quando o Somos, que teve o nome da co-vereadora Thamires Lima ventilado para assumir a Igualdade Racial no governo Laurez, criticou a nomeação do vereador de Araguaína, Marcos Duarte, para a Secretaria de Administração. Duarte é conhecido por declarações racistas e homofóbicas.
Em ambos os episódios, o coletivo manteve-se fiel à sua linha ideológica, mesmo ciente do preço que se tem a pagar pela coerência. Entre a fidelidade a seus princípios e a sobrevivência dentro de governos de perfil pragmático, o Somos continua tentando equilibrar-se sem se curvar à lógica do poder, mas sabendo que, no Tocantins, a coerência política ainda é um ato de resistência.