Tocantins registra 608 casos de câncer de pele em cinco anos, aponta Ministério da Saúde
05 dezembro 2025 às 14h50

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Entre 2020 e 2025, o Tocantins somou 608 novos diagnósticos de câncer de pele, conforme informações do Painel de Oncologia do Ministério da Saúde. O levantamento indica que, mesmo com ações permanentes de orientação, a ocorrência continua elevada, especialmente entre homens, que contabilizaram 345 casos, enquanto mulheres registraram 263. No mesmo intervalo, o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) apontou 118 óbitos relacionados à doença.
Para a oncologista Marina Vasco, os números reforçam o que é observado na prática médica: o Tocantins apresenta níveis elevados de radiação solar ao longo de praticamente todo o ano, e grande parte da população ainda mantém baixa proteção. A profissional explica que o Estado reúne fatores que contribuem para esse cenário, como altas temperaturas, longos períodos de céu aberto e presença significativa de trabalhadores que atuam sob exposição contínua ao sol, entre eles lavradores, pedreiros, agentes comunitários e profissionais do transporte.
“O problema vai além da exposição. Há uma naturalização da queimadura solar, como se fosse algo banal. Mas cada vermelhidão, cada ardência, é um dano celular que se acumula e pode virar câncer”, afirma.
A Secretaria de Estado da Saúde orienta o uso diário de protetor solar com FPS 30 ou superior, roupas que cubram regiões sensíveis, chapéu e óculos com proteção UV, além de evitar a exposição direta entre 9h e 15h. Contudo, a adesão prática ainda é abaixo do recomendado. “Muitas pessoas continuam achando que protetor é item de praia. Não é. Ele deveria ser usado todos os dias, inclusive em dias nublados”, reforça Marina.
A médica destaca ainda a importância de acompanhar alterações em pintas ou manchas que apresentem mudança de cor, tamanho ou textura. “O diagnóstico precoce é extremamente eficaz. Quando descoberto cedo, o câncer de pele costuma ter tratamento simples e altas taxas de cura”, diz.
Tratamento
O Tocantins oferece atendimento oncológico pelo SUS no Hospital Geral de Palmas (HGP), no Hospital Regional de Araguaína (HRA) e em uma unidade terceirizada na Capital, todas classificadas como Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon).
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, a rede disponibiliza procedimentos cirúrgicos, acompanhamento e tratamento especializado, embora o atendimento nem sempre ocorra no estágio ideal da doença.
Com mais de 600 diagnósticos em cinco anos e número significativo de mortes em um tipo de câncer amplamente prevenível, os dados reforçam a necessidade de atenção contínua. Para Marina Vasco, a mudança depende de informação e rotina de cuidados. “Não é preciso transformar a vida, apenas incluir cuidados básicos na rotina. O sol do Tocantins é forte demais para ser ignorado. Recebemos muitos pacientes com lesões grandes, ulceradas, que poderiam ter sido tratadas com muito mais facilidade se tivessem chegado meses antes”, pontua.
