Tocantins tem dez processos ativos para pesquisar terras raras em 2025, aponta ANM

29 setembro 2025 às 17h06

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O Tocantins aparece em 2025 como uma nova frente na corrida por terras raras, minerais considerados estratégicos para a indústria tecnológica e de energia. Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), levantados pelo Jornal Opção Tocantins, apontam dez processos ativos no estado neste ano, todos relacionados à pesquisa mineral com uso industrial, que juntos somam 78 mil hectares — o equivalente a mais de 780 km², área referente a 35% da cidade de Palmas.
A Mineração Apollo Ltda lidera os registros, com sete autorizações de pesquisa já concedidas e pagamentos confirmados em 30 de julho de 2025. Os processos envolvem áreas individuais que variam de 9,5 mil a quase 10 mil hectares.
Além dela, a ETRA Pesquisa Mineral Ltda protocolou um requerimento para 5.986 hectares e a Geopetra Geologia e Consultoria Mineral Ltda apresentou dois pedidos em julho, que somam cerca de 3,6 mil hectares.
As chamadas terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos da tabela periódica, usados em tecnologias modernas. Entre suas aplicações estão ímãs superpotentes para turbinas eólicas e veículos elétricos, baterias recarregáveis, painéis solares, além de equipamentos médicos, militares e de informática.
Apesar do nome, esses minerais não são exatamente escassos, mas sua extração e processamento exigem alta tecnologia e envolvem riscos ambientais. Hoje, a China domina mais de 70% da produção mundial, além de quase 90% do refino.
Contexto nacional
O avanço no Tocantins reflete um movimento maior no Brasil. O país detém cerca de 21 milhões de toneladas de reservas de terras raras, equivalente a aproximadamente 23% das reservas globais, mas ainda responde por menos de 1% da produção mundial. A produção comercial só começou recentemente, em Minaçu (GO), com a mina Pela Ema, operada pela Serra Verde Mineração.
Especialistas destacam que o Brasil pode se tornar peça-chave na diversificação da cadeia global, hoje concentrada na China. Para isso, o país precisa superar desafios como a falta de capacidade de refino e a ausência de uma política nacional consolidada para minerais estratégicos.
Se, de um lado, o interesse empresarial cresce — como mostram os dez processos no Tocantins, cobrindo juntos mais de 78 mil hectares —, de outro, surgem preocupações sobre impactos socioambientais. Experiências em outros estados, como Goiás, já relatam tensões entre mineração e comunidades, além de riscos para recursos hídricos.