O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 24, que o Irã “deve ficar bem” e elogiou os iranianos como “ótimos negociantes” e “ótimos empresários”. As declarações foram dadas durante o voo presidencial rumo à Holanda, onde ele participará da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

As falas de Trump marcam um tom mais conciliador, após 12 dias de confrontos entre Israel e Irã, que resultaram em centenas de mortos e milhares de feridos. O cessar-fogo, mediado pelo próprio presidente americano, entrou em vigor na madrugada desta terça-feira. Apesar do acordo, o clima ainda é de tensão, com acusações mútuas de violações e ameaças de retaliação.

“Eles devem ser capazes de reconstruir e fazer um bom trabalho”, declarou Trump, que também se disse contrário à troca de regime em Teerã:
“Uma mudança de regime exige caos, e idealmente não queremos ver tanto caos.”

Teerã celebra cessar-fogo como “vitória histórica”

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, também se pronunciou nesta terça, classificando o cessar-fogo como uma “vitória histórica” da nação iraniana. Em comunicado divulgado pela mídia estatal, ele afirmou que a ofensiva foi “imposta ao Irã pelo aventureirismo criminoso do regime sionista”.

“Toda a glória por esta vitória pertence à grande e civilizada nação do Irã”, disse Pezeshkian.

Do lado israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que não retaliará novos ataques por ora, após conversar diretamente com Trump. Já o chefe do Estado-Maior, tenente-coronel Eyal Zamir, alertou que a campanha contra o Irã “ainda não terminou”, e que o foco agora volta para a Faixa de Gaza, com o objetivo de libertar reféns e enfraquecer o Hamas.

Tensões persistem mesmo após trégua

Apesar do cessar-fogo, Israel acusou o Irã de violar o acordo poucas horas após sua entrada em vigor, relatando o lançamento de dois mísseis iranianos. O Irã nega a autoria dos ataques. Em resposta, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, autorizou “respostas enérgicas” a qualquer violação.

Trump, por sua vez, tenta se equilibrar entre a retórica agressiva e a diplomacia. No fim de semana, ele chegou a cogitar abertamente a mudança de governo no Irã em uma postagem na rede Truth Social, usando a sigla “MIGA” (Make Iran Great Again). Agora, adota discurso de estabilidade:

“Fora a questão nuclear, os iranianos devem fazer um ótimo trabalho. Mas eles nunca terão energia nuclear”, afirmou, reafirmando a posição de que os EUA não permitirão o desenvolvimento de armas atômicas pelo Irã.

Balanço da guerra

Segundo autoridades iranianas, o conflito deixou mais de 600 mortos e cerca de 4 mil feridos no Irã. Do lado israelense, o número de vítimas ainda não foi oficialmente divulgado, mas imagens e registros indicam danos significativos em alvos militares e civis.

O cessar-fogo ocorre em meio à pressão internacional e instabilidade no Oriente Médio, com analistas alertando para a fragilidade do acordo e o risco de retomada das hostilidades a qualquer momento.