A pesquisa do Núcleo Aplicado de Estudos e Pesquisas Econômico-Sociais (Naepe), revelou que em agosto, a cesta básica em Palmas registrou a maior deflação em mais de três anos de acompanhamento. A queda foi de 6,46%, visto que o preço recuou para R$674,64, voltando ao mesmo patamar do fim do ano passado, que foi R$689,65.

Em Palmas, os destaques da redução foram: tomate (-40,1%), arroz (-5,8%), café e farinha de mandioca (-4,5%), carne (-3,6%) e açúcar (-3,4%). Apenas três produtos tiveram alta: banana (+20,3%), óleo de soja (+3,9%) e margarina (+0,5%). Outro dado foi a ampla difusão deflacionária entre os estabelecimentos: dos mais de 20 estabelecimentos pesquisados, apenas 2 apresentaram alta de preço no conjunto de itens da Cesta Básica.

A pesquisa, que já monitorava Porto Nacional desde 2019, passou a incluir Gurupi, ampliando o alcance do levantamento. No caso de Porto Nacional, os resultados apresentaram forte convergência com os de Palmas, com deflação de 2,2% e altas exatamente nos mesmos produtos. Apenas Gurupi apresentou inflação em agosto (3,64%), fato que se deve à dinâmica do mercado no sul do estado.

Com a forte deflação, o salário mínimo necessário para manter uma família com quatro pessoas em Palmas caiu de R$ 6.059,23 em julho para R$ 5.667,66 em agosto. Além disso, o tempo de trabalho necessário para que o trabalhador remunerado pelo salário-mínimo conseguisse adquirir uma Cesta Básica ficou abaixo das 100 horas pela primeira vez em 2025, recuando para 97 horas e 48 minutos.

O estudo é realizado pelo Naepe com apoio do Ministério Público do Tocantins (MPTO), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (FAPT) e do Conselho Regional de Economia (Corecon-TO). Os dados completos desta e de outras pesquisas estão disponíveis no site naepepesquisas.com e no Instagram @naepe.pesquisas.

Outros levantamentos

De acordo com um segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicado anteriormente, itens da cesta básica de Palmas haviam sofrido inflação, diferentemente dos estudos do Naepe. 

O economista e coordenador do Naepe, Autenir Rezende, explica o motivo das diferenças. “Enquanto a pesquisa da Naepe decide estudar o preço diário e somar no final do mês, a da Dieese ajusta os preços de acordo com o valor do final do mês”.  Ele ainda frisou,  “os dados de ambas não estão errados, é apenas uma opção diferente de se fazer”.

A pesquisa da Dieese, que desde julho passou a incluir todas as 27 capitais, apontou queda no valor da cesta em 24 delas. Os maiores recuos foram registrados em Maceió (-4,1%), Recife (-4%), João Pessoa (-4%) e Natal (-3,7%).  No recorte por alimentos, o tomate subiu 2,6% em Palmas, enquanto na maioria das capitais houve redução. Já o arroz e o feijão acompanharam a tendência nacional de queda, embora em menor intensidade.

No acumulado entre janeiro e agosto de 2025, os preços da cesta básica variaram de acordo com cada região. Nas 17 capitais acompanhadas desde 2024, 13 tiveram aumento, com destaque para Fortaleza (7,32%) e Recife (6,93%). Goiânia (-1,85%), Brasília (-0,55%), Vitória (-0,53%) e Campo Grande (-0,20%) ficaram no campo negativo.