A crise fiscal que atinge os municípios do Tocantins se intensificou neste segundo semestre de 2025 e deve provocar uma nova onda de demissões e cortes de gastos em todo o Estado. O alerta foi feito pelo presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM) e prefeito de Cristalândia, Big Jow, que antecipou medidas duras para tentar reequilibrar as finanças públicas.

“Nas próximas semanas, diversas prefeituras terão que cortar na carne”, afirmou o gestor, ao destacar que a queda acentuada nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) — principal fonte de receita de mais de 120 cidades tocantinenses — tem comprometido o pagamento de servidores, fornecedores e serviços essenciais.

Segundo Big Jow, a arrecadação municipal vinha dentro da normalidade até o primeiro semestre, mas despencou nos últimos meses. “Os custos se mantiveram altos enquanto a receita encolheu. Nessas circunstâncias, o prefeito precisa tomar decisões difíceis e impopulares, buscando o equilíbrio fiscal sem interromper os serviços básicos. Grandes e pequenas cidades estão sendo obrigadas a adotar medidas amargas”, afirmou.

Em Palmas, o prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) anunciou um pacote de contenção de despesas que inclui a fusão e extinção de 12 órgãos e secretarias municipais, além da redução de 20% nos salários dos cargos comissionados. O plano emergencial prevê ainda revisão de contratos e priorização de investimentos em saúde, educação e infraestrutura essencial.

A situação também é crítica em outros municípios. Em Porto Nacional, cerca de 200 servidores e contratados temporários foram exonerados, enquanto os salários de comissionados e contratos de prestação de serviços sofreram cortes expressivos. A prefeitura informou que a arrecadação caiu R$ 7 milhões apenas entre janeiro e maio deste ano.

Em Paraíso do Tocantins, a gestão municipal reduziu gratificações, promoveu demissões e iniciou a revisão de contratos administrativos. Além disso, a prefeitura pretende realizar o leilão de bens inservíveis e buscar linhas de crédito para manter a folha de pagamento e os serviços essenciais em funcionamento.

De acordo com dados da ATM, o FPM apresentou quedas consecutivas nos últimos repasses: 3,86% no último decêndio de setembro e 6,12% no início de outubro. “As receitas diminuem mês a mês, enquanto as despesas continuam crescendo. No ano passado, 54% das prefeituras fecharam no vermelho. Infelizmente, a alternativa agora é reduzir despesas e exonerar servidores para que as contas fechem”, concluiu Big Jow.