EUA interceptam terceiro petroleiro ligado à Venezuela e ampliam pressão contra Maduro
21 dezembro 2025 às 14h32

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Os Estados Unidos interceptaram neste domingo, 21, mais um navio petroleiro ligado à Venezuela, elevando a tensão entre o presidente americano, Donald Trump, e o governo de Nicolás Maduro. Trata-se do terceiro bloqueio a embarcações venezuelanas em menos de duas semanas.
O petroleiro Bella 1, de bandeira panamenha, foi interceptado enquanto seguia para a Venezuela para carregar petróleo. A informação foi divulgada pela agência Bloomberg, com base em fontes com conhecimento da operação, e confirmada pela Reuters e pela CNN americana. Autoridades dos EUA falaram sob condição de anonimato e não informaram o local da abordagem.
Procurada, a Casa Branca não confirmou oficialmente a ocorrência até o momento. Nenhum representante do governo Trump comentou o caso.
No sábado, 20, os EUA bloquearam o superpetroleiro Centuries. Antes disso, no dia 10 de dezembro, foi interceptado o petroleiro Skipper. Segundo o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, os dois primeiros navios operavam no mercado negro, fornecendo petróleo a países sob sanções internacionais.
Nem todos os embarques de petróleo venezuelano estão sujeitos a bloqueios. Embora várias embarcações estejam na mira das autoridades americanas, outras seguem operando normalmente, inclusive no transporte de petróleo venezuelano e de cargas provenientes do Irã e da Rússia. Empresas autorizadas, como a americana Chevron, utilizam navios próprios e liberados pelo governo dos EUA.
O superpetroleiro interceptado no sábado tinha a China como destino. Documentos obtidos pela Reuters apontam que o petróleo foi comprado pela Satau Tijana Oil Trading, uma intermediária envolvida nas vendas da estatal PDVSA para refinarias independentes chinesas. A China é atualmente a principal compradora do petróleo venezuelano, que representa cerca de 4% das importações chinesas, aproximadamente 600 mil barris por dia embarcados somente em dezembro.
Pressão econômica
O governo Trump tenta sufocar a principal fonte de receita da Venezuela: o petróleo. Especialistas do setor afirmam que, se as exportações forem interrompidas, os tanques de armazenamento da PDVSA podem atingir a capacidade máxima, forçando o fechamento de poços.
Trump também classificou o governo venezuelano como organização terrorista estrangeira, alegando envolvimento com o narcotráfico. A interceptação do Centuries chamou atenção porque o navio não constava na lista pública de sanções dos EUA. Apesar de ter bandeira panamenha, a carga pertencia a uma empresa chinesa.
A vice-presidente e ministra do Petróleo da Venezuela, Delcy Rodríguez, condenou a ação americana e classificou a interceptação como “roubo e sequestro”, chamando o episódio de “grave ato de pirataria”.
Maduro acusa Trump de tentar derrubá-lo para assumir o controle das reservas de petróleo da Venezuela, as maiores do mundo. O presidente venezuelano afirma que o aumento da presença militar americana tem esse objetivo. Trump, por sua vez, já declarou que ataques terrestres ao país “podem começar em breve”.
