Wanderlei diz que governo interino interrompeu políticas públicas e responsabiliza Laurez por paralisações e perdas em programas sociais

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), utilizou o lançamento do Cartão AlimenTO, nesta sexta-feira, 19, para fazer críticas diretas à gestão interina conduzida pelo vice-governador Laurez Moreira (PSD) durante o período em que esteve afastado do cargo. O evento marcou uma das primeiras aparições públicas do governador após o retorno ao comando do executivo estadual, no início de dezembro.

O Cartão AlimenTO prevê a transferência mensal de R$ 250 para 7 mil famílias em situação de vulnerabilidade, inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com alcance nos 139 municípios tocantinenses. A execução do programa cabe à Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) e integra o Programa AlimenTO.

Durante o discurso, Wanderlei afirmou que, nos três meses de gestão interina, obras e programas estaduais ficaram paralisados. Segundo ele, a administração provisória concentrou ações em inaugurações de projetos já concluídos e deixou de dar continuidade a iniciativas em andamento.

“Essas obras ficaram paralisadas. Ficaram inaugurando o que estava pronto, sem dar prosseguimento ao que podia avançar”, declarou.

O governador também mencionou a interrupção ou tentativa de alteração de programas voltados à juventude trabalhadora. Segundo ele, mudanças nesse tipo de política exigiriam reprogramação orçamentária e novos processos licitatórios, o que, na avaliação apresentada, não ocorreu.

Wanderlei argumentou que a gestão interina desconsiderou o caráter temporário do cargo e teria causado prejuízos a beneficiários de programas sociais. Ele citou impactos sobre cerca de 2 mil jovens e suas famílias, com perdas financeiras estimadas em até R$ 700 por núcleo familiar, conforme afirmou.

“O governo interino não percebeu que era interino. Eles saíram causando prejuízo ao estado”, disse.

No mesmo discurso, o governador associou as críticas à gestão provisória ao que chamou de reação da sociedade ao seu afastamento. Segundo ele, a população teria manifestado insatisfação com o período interino e apoiado seu retorno ao cargo. Wanderlei também citou pesquisas de opinião, sem detalhar instituto ou metodologia, nas quais a gestão interina apareceria entre as mais reprovadas do país.

Cartão AlimenTO

Ao tratar do Cartão AlimenTO, o governador detalhou a distribuição dos benefícios por porte de município. Cidades menores receberão cerca de 41 cartões, municípios médios terão aproximadamente 70 famílias atendidas, enquanto centros como Palmas, Araguaína e Gurupi devem concentrar até 300 benefícios cada.

Wanderlei afirmou que o programa não resolve integralmente o problema da insegurança alimentar, mas pode reduzir dificuldades enfrentadas pelas famílias atendidas. O governador também destacou que o Cartão AlimenTO terá vigência limitada ao seu mandato atual, estimado em 12 meses, sem comprometer a gestão seguinte.

“Não posso entrar no mandato do próximo governo. Durante esses 12 meses, o programa estará vigente”, afirmou.

Ao final, Wanderlei Barbosa agradeceu à equipe da Setas, à secretária da pasta e aos apoiadores que defenderam seu retorno ao cargo. O governador reiterou que pretende retomar o ritmo de gestão anterior ao afastamento e manter a execução de políticas sociais ao longo de 2026.

Wanderlei Barbosa reassumiu o comando do executivo estadual no início de dezembro, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que revogou a medida de afastamento determinada anteriormente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).