O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), se tornou um dos apoios mais disputados do Tocantins para as eleições de 2026. Depois de enfrentar três etapas improváveis, a virada em uma eleição em dois turnos, a prisão determinada pelo STF e o retorno ao cargo, também autorizado pela Corte, Eduardo saiu politicamente mais fortalecido, com apelo popular e status de “cabo eleitoral” de peso para qualquer candidatura majoritária.

No jogo pelo Senado, o prefeito parece ter cartas já distribuídas. De um lado, mantém fidelidade a Vicentinho Júnior (PP), aliado que esteve ao seu lado desde a campanha municipal de 2024 e durante o período em que o prefeito ficou preso. A aproximação é tamanha que a filha de Eduardo, Gabriela Siqueira, secretária da gestão, é cotada para ocupar a primeira suplência na chapa do deputado.

De outro, a família Abreu ganhou espaço relevante. O senador Irajá (PSD) já tinha posições na prefeitura antes mesmo do afastamento de Eduardo, e sua mãe, a ex-senadora Kátia Abreu, é colocada como uma das vozes que atuaram em Brasília em defesa do retorno do prefeito ao cargo. Desde então, a relação tem sido cultivada: visitas, registros públicos, apoio em eventos como o Futebol Solidário e, mais recentemente, o anúncio conjunto de R$ 20 milhões em investimentos para a zona rural de Palmas. No vídeo, Eduardo fez questão de dizer que “honrará cada centavo investido na capital”, frase lida como sinal de confiança renovada e de apoio eleitoral encaminhado.

Se esse desenho se confirmar, Eduardo teria fechado a conta das duas cadeiras de senador em disputa, sem precisar escolher apenas um lado. A incógnita, a partir do desenho atual, é como outros atores do cenário tocantinense vão se mover diante desse cenário praticamente definido.

Entre Laurez e Dorinha

Nos bastidores, circula a informação de que aliados de Laurez Moreira trabalham para convencer o prefeito Eduardo Siqueira a se alinhar ao grupo do vice-governador na disputa majoritária de 2026. Eduardo, porém, já declarou apoio à pré-candidatura da senadora Dorinha (União Brasil) ao governo do Tocantins. O detalhe é que Laurez mantém hoje melhor trânsito com Vicentinho Júnior e Irajá Abreu, dois nomes de peso que estão próximos do prefeito de Palmas.

Essa diferença aparece nos gestos públicos. Enquanto Dorinha não esteve presente no lançamento da pré-candidatura ao Senado de Vicentinho, alega que sequer foi convidada, Laurez marcou presença no evento. Em outra frente, o PSD, partido de Irajá, ofereceu a Laurez não apenas a possibilidade de disputar o governo pela legenda, mas também a presidência da sigla no estado, reforçando seu espaço político.

“O cenário de indefinições muitas vezes é criado pelo próprio político para manter poder de negociação em várias frentes. Mas chega a hora de buscar clareza, porque a política cobra um preço que não aceita isenção ou meias palavras”, afirma um político tocantinense experiente nos bastidores do poder.