Casa, política e território: a disputa por protagonismo na habitação popular no Tocantins

30 maio 2025 às 16h33

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Por trás da maratona de anúncios, discursos e assinaturas de contratos que marcaram a passagem do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, por Palmas, nesta quinta-feira, 29, um movimento bem mais discreto e estratégico vem ganhando corpo nos bastidores: a disputa por protagonismo na pauta da habitação popular entre nomes tocantinenses do Congresso Nacional. E não se trata de qualquer programa, mas da reencarnação de uma das marcas do governo Lula, o Minha Casa, Minha Vida.
De um lado, o deputado federal Alexandre Guimarães (MDB), ainda em primeiro mandato, vem colando sua imagem ao programa com eficiência. É presença constante em eventos do setor, interlocutor assíduo com o ministro e, como fez questão de frisar o presidente do Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção Civil, Marcos Holanda, “um entusiasta com energia para articular tudo lá em Brasília”. Guimarães foi apontado como o responsável direto pela vinda do ministro ao Fórum realizado em Palmas, além de ter sido citado pelo próprio Jader como “lutador pela habitação em todo o Tocantins e no Brasil”.
Curiosamente, Alexandre é também um dos parlamentares que costuma votar contra pautas caras ao Palácio do Planalto. Não é exatamente da base de Lula, nem tenta parecer. Mas quando o assunto é habitação popular, ele muda o tom. Defende o Minha Casa, Minha Vida com unhas e dentes, e vê no programa uma ponte direta com o eleitorado mais vulnerável, além de uma chance concreta de aparecer como “quem faz” num estado onde moradia ainda é déficit histórico.
Em paralelo, a senadora Professora Dorinha (União) tenta deixar bem claro que os resultados concretos da política habitacional no Estado, casas em construção, apartamentos em execução e quase R$ 500 milhões em investimentos, passam diretamente por sua atuação. É dela a articulação que viabilizou mais de mil moradias em dezenas de municípios tocantinenses, inclusive via linha do programa destinada a cidades com menos de 50 mil habitantes, além de projetos em andamento nas principais cidades do estado. A senadora reforça que seu gabinete tem equipe técnica dedicada ao tema e que seu esforço foi essencial para destravar o programa no Estado.
Além de muitas outras demandas que cuidam, ambos tratam com o mesmo cuidado a reestruturação do Minha Casa, Minha Vida e o apelo social da pauta, mas fazem isso a partir de narrativas diferentes. Guimarães aposta na presença constante e nas conexões com Brasília. Dorinha, por sua vez, traz números, contratos assinados e o peso de um mandato mais consolidado no Senado.
É uma disputa legítima, e, como em quase tudo na política, ela não se dá apenas diante dos holofotes. A construção da imagem pública de quem “entrega” passa também pelo controle da narrativa.