A possível nomeação do deputado Jorge Frederico (Republicanos) nos próximos dias como novo líder do governo interino de Laurez Moreira (PSD) na Assembleia Legislativa deve abrir um novo capítulo na discussão sobre o impeachment de Wanderlei Barbosa (Republicanos). A movimentação expõe que a sigla comandada pelo governador afastado começa a se dividir diante da indefinição sobre o futuro político do chefe do executivo.

Jorge, até pouco tempo, era um dos principais aliados de Wanderlei. Nas eleições de 2024, foi o nome escolhido pelo governador para tentar tirar a Prefeitura de Araguaína das mãos de Wagner Rodrigues (UB). A aposta terminou mal: uma derrota expressiva que enfraqueceu o deputado e abalou o grupo governista no segundo maior colégio eleitoral do estado.

Agora, ao se aproximar do governo interino e aceitar o papel de líder de Laurez na Aleto, Jorge rompe com o antigo comando e se coloca em posição estratégica no novo arranjo político. O gesto, pelo histórico de como Wanderlei reage a movimentos autônomos de aliados, foi interpretado como traição dentro do grupo do governador.

O distanciamento ficou evidente nas redes sociais: Wanderlei deixou de seguir o deputado nesta semana, o que mostra que o governador ainda tinha Jorge, até poucos dias, como aliado. Também não segue mais Valdemar Júnior, outro parlamentar do Republicanos com diálogo aberto com o governo interino.

O movimento ocorre num momento sensível para o grupo de Wanderlei. Mesmo após sobreviver a mais uma semana sem avanço no processo de impeachment, o governador afastado enfrenta desgaste crescente. Sem o controle do Palácio e com a base marcada pela incerteza, tenta preservar a imagem de força nas redes, ao lado de deputados, muitos deles investigados na mesma operação que o afastou. Wanderlei também passou a explorar politicamente medidas impopulares adotadas pelo vice, e embora não fale abertamente, replica críticas à gestão interina como forma de se manter presente no debate público.

Com o comando do executivo nas mãos, Laurez tenta reorganizar apoios e reduzir a margem de influência do grupo de Wanderlei. A possível chegada de Jorge à liderança na Aleto seria mais um sinal de que a pauta do impeachment pode voltar ao centro das discussões nas próximas semanas, caso o governador afastado não apresente sinais concretos de retorno ou não altere sua estratégia.