A movimentação da ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), em agosto, tem clara marca de estratégia política. O fato de aparecer em pesquisas eleitorais com 13,4% das intenções de voto, à frente, por exemplo, de Amélio Cayres (Republicanos), nome bancado pelo governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), dá a ela um ativo político importante: barganha. Não é coincidência que, logo após a divulgação do levantamento, Cinthia tenha celebrado publicamente o resultado e reforçado o discurso de que “o Tocantins nunca teve uma mulher governadora”.

O tom de suas declarações, porém, não é de quem está com candidatura consolidada, mas de quem quer construir espaço. Como a ex-prefeita gosta de dizer:  caititu que anda fora do bando, vira comida de onça. Ao enfatizar “viabilidade” e “projeto coletivo”, ela se coloca aberta a negociações, seja para liderar uma chapa, seja para compor como vice em uma aliança maior, não se sabe ainda em qual dos grupos que já estão formados.

Em termos práticos, o que está em jogo para Cinthia é a construção de relevância política. Com a saída da prefeitura e sem mandato, ela precisa se manter no radar, e pesquisas, eventos e falas ensaiadas fazem parte desse reposicionamento, como ela também gosta de pontuar: político sem mandato é igual maribondo sem ferrão. Estar na frente de Amélio Cayres, por exemplo, serve justamente como carta para dizer que tem competitividade e não pode ser ignorada.

O maior desafio é transformar esses sinais em estrutura real. Hoje, Cinthia não dispõe de uma base robusta nem de um partido forte no Tocantins, como é o caso do Republicanos, União Progressista e PL. Por isso, dificilmente teria espaço para ser a candidata do governador. Mas, se ela mantiver os dois dígitos consistentes nas próximas pesquisas, pode se tornar peça de composição estratégica: tanto como vice de Amélio Cayres, quanto em uma costura com Dorinha (União Progressista). As possibilidades estão abertas.