Na declaração publicada nesta terça-feira, 3, na rede social X (antigo Twitter), a ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), adotou uma estratégia nítida: reivindicar, com luvas de pelica, a paternidade política de ações e resultados que hoje ganham destaque na gestão do atual prefeito, Eduardo Siqueira Campos (Podemos). O tom é conciliador, mas o subtexto não deixa dúvidas, as vitórias recentes seriam, em essência, continuidade de decisões, projetos e articulações iniciadas por ela.

Ao listar medidas como aprovação de empréstimos pela Câmara, programas de refinanciamento fiscal (REFIS), entrega de títulos de propriedade, concursos públicos e elogios de ministros de Estado, Cinthia costura um discurso que tenta deslocar o mérito das conquistas para sua gestão. Tudo isso sem citar o nome do atual prefeito. A frase “política pública de Estado, não de governo” entra como chave simbólica dessa operação: institucional no papel, provocativa na prática. Um recado cifrado, mas nem tanto.

A publicação também funciona como reposicionamento político. Em um cenário pré-eleitoral cada vez mais movimentado, Cinthia reaparece com um “oi, sumida” estratégico. A mensagem de que segue “torcendo por Palmas” tenta suavizar a crítica, mas, convenhamos, nem toda torcida é desinteressada, e esse post soa menos como aplauso e mais como “eu que fiz” disfarçado.

Ao insistir na ideia de continuidade, a ex-prefeita não só tenta manter seu legado em evidência, mas também deslegitimar, sutilmente, a autonomia da gestão Siqueira. Afinal, se tudo já estava planejado, o atual prefeito virou apenas executor de um roteiro escrito por ela. Não à toa, os bastidores da relação entre a ex e o atual nunca foram exatamente harmônicos, divergências sobre dívidas herdadas, estilos de gestão e prioridades administrativas marcaram o período de transição, e a fusão em curso entre os dois partidos não elimina essa tensão de base.