Faltando um ano e sete meses para as eleições de 2026, ainda é precipitado fazer qualquer prospecção com relação ao nome que ocupará o Executivo estadual.Nem mesmo o cenário nacional está definido, já que possíveis candidaturas à Presidência da República esbarram em questões jurídicas e articulações partidárias. Mas a partir das movimentações no Tocantins já é possível prever alguns nomes que podem se candidatar ao pleito. 

O atual governador, Wanderlei Barbosa (Republicanos) certamente terá grande influência nos nomes que comporão esse cenário. Mesmo dentro do Palácio Araguaia, o cenário ainda é incerto quanto ao nome que representará o grupo governista.. Se por um lado a senadora Dorinha Seabra (UB) é posta como o nome mais provável para a unção de Wanderlei, por outro, o presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto), Amélio Cayres (Republicanos), está criando musculatura para também concorrer a vaga. Pesquisas internas devem indicar qual dos dois reúne mais condições para viabilizar a candidatura.

A senadora Dorinha poderia concorrer com tranquilidade, pois tem seu cargo de senadora garantido até 2031, Amélio arriscaria mais ao tentar o Executivo estadual, pois tem virtualmente garantida a reeleição para deputado estadual e uma possível candidatura à Câmara Federal não seria um passo improvável. No entanto, a candidatura ao governo pode representar um risco elevado, especialmente para Amélio, que pode abrir mão de uma eleição praticamente certa para a Assembleia ou até mesmo para a Câmara Federal. É verdade que Amélio está fortalecendo sua  base no interior do Estado, sempre acompanhado de Wanderlei. Mas, ao contrário de Dorinha, Amélio tem muito a perder caso não consiga alcançar a cadeira do Palácio. 

 O sonho de Ícaro

A mitologia grega nos conta a história de Dédalo, famoso artesão que construiu para si e seu filho Ícaro, asas de cera para voarem. O invento teve sucesso, mas Ícaro, fascinado pela beleza do sol, resolveu chegar mais perto e voou alto demais, o calor da proximidade com o astro fez suas asas derreterem e ele caiu. No caso de Amélio, e da maioria dos políticos é necessário saber até onde voar, para não cair. Ficar sem mandato pode representar o fim político de muitos.  

Ao lado de Marconio Perilo, presidente do PSDB, deputado Mantoan e Júnior Geo, Cinthia foi ventilada pela primeira vez | Foto: PSDB

Não apenas Amélio, mas outros nomes como a própria Cinthia Ribeiro (PSDB), que alardeava durante a pré-campanha eleitoral para a prefeitura de Palmas, ao lado de seu candidato derrotado no primeiro turno, Júnior Geo (PSDB), que também iria disputar as eleições de 2026 como candidata a governadora. Ela chegou até mesmo a ser anunciada pelo presidente do (ainda) partido PSDB, Marconi Perillo, como candidata tucana ao governo do estado em 2026. 

Cinthia, no entanto, poderá ter problemas em arregimentar apoio. Apesar de muito conhecida (nem sempre de forma positiva) e ter uma forte base dentro do funcionalismo público de Palmas, a ex-prefeita tem pouca entrada nas demais cidades do estado. Outro ponto que deve ser levado em conta são as últimas declarações dos atuais gestores da cidade. Eduardo Siqueira Campos (Podemos) e seu secretariado a cada semana que passa encontram um “rombo” diferente, deixados pela gestão tucana, o que é ainda pior por vir de seu apoiado no segundo turno e atual prefeito da capital. 

Os ex de Laurez

O vice-governador Laurez Moreira (PDT) já deu muita certeza que concorrerá ao cargo máximo do Estado. Nos últimos encontros públicos arregimentou ao seu lado nomes de peso como o do ex-deputado federal, César Halum, e do ex-prefeito de Palmas, Raul Filho, que devem fazer parte de toda articulação em torno dele. 

Laurez se coloca como uma possível oposição ao ungido pelo governador, tem uma boa base eleitoral, sobretudo em Gurupi, onde já foi prefeito. Sua atuação nos interiores e no Bico do Papagaio também é bastante visível. 

Quem também figura entre os apoios declarados a Laurez é o deputado federal Vicentinho Júnior (PP), além do prefeito de Paraíso Celso Morais (MDB). Também é de se esperar que mais próximo da campanha, Eduardo Siqueira Campos possa fazer parte do palanque do vice-governador em retribuição ao apoio de Laurez na sua própria campanha, contrariando mais uma vez Wanderlei que apoiou Janad Valcari (PL). 

Outro ponto que merece destaque é que Laurez já está em uma espécie de pré-campanha, o gabinete de seu escritório em Palmas, recebe quase que diariamente, políticos de diversas vertentes e nomes de peso na política tocantinense. Ele também tem se encontrado em Brasília com diversas autoridades. Aparecem nos encontros com Laurez também um elemento que indica cada vez mais a proximidade com a campanha. O humorista Bob Guerreiro, que possui mais de 2 milhões de seguidores, surge na maioria dos encontros em que ele participa. 

Água e óleo
Após o rompimento entre Wanderlei e Laurez, o vice-governador continua frequentando as solenidades no estado. Sempre a uma cadeira de distância do governador. Em eventos, como no último Farm Day, ou no encontro de prefeitos em Brasília. Ambos estiveram presentes, mas cada qual com sua comitiva. Os episódios de adversidade entre ambos são vários, culminando na PEC Laurez, que permite ao governador se ausentar por até 15 dias sem passar o comando ao vice. A PEC, na verdade, apenas confirma o que já está na Constituição Federal, com uma inovação, que passou quase despercebida, a possibilidade do governador utilizar meios eletrônicos na administração, considerando isso como se estivesse no estado.