MDB, família e Brasília: os movimentos de Alexandre Guimarães que podem levá-lo à chapa do governador em exercício

11 setembro 2025 às 19h54

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Para muitos, Alexandre Guimarães apareceu de surpresa na política tocantinense em 2022, quando se elegeu deputado federal pelo Republicanos. Produtor rural, logo buscou uma sigla que pudesse chamar de sua no Tocantins, nada mais natural que o MDB, casa das principais figuras do seu apadrinhamento político, como Helder e Jader Barbalho. Em 2024, assumiu a presidência do partido no estado em cerimônia que contou com a presença do clã em Palmas.
Pouco depois de assumir o comando da sigla, projetou-se como pré-candidato ao Senado, numa jogada ousada para quem ainda não havia concluído sequer um mandato. A movimentação ganhou peso com a presença de Laurez Moreira, então vice-governador e já pré-candidato ao governo do Tocantins, mesmo rompido com Wanderlei Barbosa (Republicanos), sinalizando desde cedo a disposição de ambos de disputar espaços maiores.
O estilo de Alexandre combina ambição com cálculo. Ao anunciar sua pré-candidatura ao Senado, lançou ao mesmo tempo o irmão Raul Guimarães como pré-candidato a deputado federal, mantendo a retaguarda da família em jog,o caso tenha que recuar. Mais tarde, aproximou-se de Wanderlei, garantiu espaço no governo e emplacou outro irmão, Israel Guimarães, que é vice-prefeito de Araguaína, na presidência da Mineratins. Em pouco mais de dois anos, construiu uma rede de influência que mistura mandato, família e cargos estratégicos.
Com o afastamento de Wanderlei pelo STJ, a costura que colocava Alexandre como um dos nomes governistas ao Senado perdeu sustentação. O grupo ligado ao governador afastado segue sem liderança clara, enquanto Laurez, no exercício do cargo, busca consolidar uma base em torno do PSD. Nesse contexto, Alexandre pode voltar ao ponto de partida: uma aliança com Laurez, agora mais robusta, mas que precisa ser costurada sem conflito com o senador Irajá (PSD), já pré-candidato à reeleição e figura central na articulação do grupo.
É justamente aqui que Alexandre pode se diferenciar. Laurez e Irajá, por exemplo, já têm acesso privilegiado ao governo federal, a própria Kátia Abreu, mãe de Irajá, mantém trânsito histórico junto ao PT e à esquerda. A contribuição de Alexandre não seria ocupar esse mesmo espaço, mas trazer outra frente de apoio: a ligação com o clã Barbalho, especialmente com Jader Filho, ministro das Cidades. Essa relação deu a ele protagonismo no tema da habitação em Brasília e é vista como parte de um projeto maior dos Barbalho de expandir aliados para fora do Pará.
Para Laurez, ter Alexandre na chapa significaria reforço em duas frentes. Primeiro, ampliar o peso eleitoral com um nome competitivo, que já organiza o MDB no estado e mantém base familiar estruturada. Segundo, agregar uma rede paralela de contatos em Brasília, vinculada ao MDB paraense, que pode render ganhos em áreas estratégicas. Não é sobre substituir Irajá, mas sobre somar mais uma avenida de influência num cenário em que alianças nacionais entre PT, PSD e MDB tendem a se reproduzir no Tocantins.
No fundo, Alexandre se move como quem não gosta de perder espaço. Em dois anos, conquistou mandato, cargos e lançou irmãos em posições estratégicas. Agora, diante do afastamento de Wanderlei, pode reposicionar-se junto a Laurez sem abandonar o vínculo com os Barbalho. Se vingar no Senado, vira a face tocantinense da família paraense em Brasília. Se não, mantém a retaguarda e o controle do MDB.