No intervalo de pouco mais de um mês, o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), participou de agendas internacionais em países como Israel, Portugal e Marrocos. Os compromissos envolveram temas como inovação, agricultura sustentável, créditos de carbono e cooperação educacional. Embora apresentadas como ações de governo, as viagens ocorrem num momento em que cresce a expectativa sobre os próximos passos políticos do chefe do executivo tocantinense, que, impedido de concorrer novamente ao Palácio Araguaia, desponta como possível candidato ao Senado em 2026.

A condução de temas estratégicos com foco internacional tem ampliado a visibilidade do governador fora do estado, sobretudo em áreas com forte apelo junto ao eleitorado e ao setor produtivo. O tom das falas, o protagonismo em fóruns de negócios e sustentabilidade, além da participação da primeira-dama Karynne Sotero em todas as agendas, reforçam a leitura de que Wanderlei se movimenta para além do Tocantins.

Caso decida disputar o Senado, o governador precisará renunciar ao cargo até abril de 2026. Com isso, o comando do executivo passaria ao vice-governador Laurez Moreira (PDT), de quem está politicamente afastado desde o ano passado. A relação entre os dois permanece congelada, enquanto Laurez já atua em ritmo de pré-campanha ao governo.

Dentro do Republicanos, há expectativa de que o partido amplie sua representação no Congresso. Uma saída de Wanderlei do governo para ser candidato ao senado, também abriria espaço para que Karynne Sotero concorra a uma vaga na Câmara dos Deputados, reforçando a presença da sigla no cenário nacional. Ambos têm dividido espaço nas agendas públicas e atuado em conjunto, inclusive no exterior. “Um capital político que seria praticamente jogado fora, poucos políticos deixariam essa chance passar, além do partido deixar de ocupar duas cadeiras no Congresso, tendo em vista que os dois são muito bem avaliados. Mas o governador sabe o que faz e tem liberdade de escolha”, conta uma fonte ligada ao partido.

A movimentação também repercute entre aliados. Ao evitar anunciar seus planos de forma antecipada, o governador preserva o controle sobre a própria sucessão e mantém sob sua influência o ritmo da disputa. Dois nomes da base estão em pré-campanha ao Palácio Araguaia: a senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil) e o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos), que tem sido convocado com frequência para representar o governo em eventos oficiais, durante a ausência de Wanderlei.

As viagens internacionais acontecem em meio a um ambiente político em transição. Ainda sem confirmar ou negar publicamente uma possível candidatura ao senado, Wanderlei adota uma postura de cautela, que tem garantido margem para articulações sem perder protagonismo. Enquanto isso, o cenário político local segue marcado pela expectativa de poder em torno de sua decisão.