Com crescente de apostadores, psicóloga tocantinense alerta sobre sinais e impactos do vício em apostas

29 março 2025 às 10h06

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Nascida em Goiás, mas tocantinense desde os seis anos de idade, a psicóloga clínica Polyana Labre tem dedicado sua atuação ao cuidado com a saúde emocional de seus pacientes, com a utilização de terapias baseadas em evidências, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT). Com experiência no atendimento de casos de ansiedade, insegurança e desafios emocionais, Polyana chama atenção para um tema que tem ganhado espaço, mas que ainda é cercado de tabu: o vício em apostas e comportamentos compulsivos.
Em 2024, um estudo de estimativa do DataSenado apontou que mais de 170 mil tocantinenses fizeram pelo menos uma aposta ou jogaram em cassinos online. Recentemente o deputado federal tocantinense Ricardo Ayres (Republianos), usou a tribuna da Câmara dos Deputados para fazer um relato triste sobre a morte de um filho de um dos seus colaboradores em decorrência do vício em apostas. O parlamentar busca assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que aprofunde no tema, que para muitos especialistas já escala em um grau epidêmico.
Segundo a psicóloga, o desenvolvimento desse tipo de vício costuma ser sutil e silencioso, mas alguns sinais podem indicar que a pessoa está entrando em um ciclo perigoso. Um dos primeiros indícios é a preocupação excessiva com a atividade, quando os pensamentos ficam constantemente voltados para o jogo. Além disso, a pessoa pode começar a perder o controle, aumentando o tempo e o dinheiro investido, mesmo percebendo que isso já traz prejuízos.
Outro ponto de alerta que a profissional ressalta é quando o vício começa a afetar outras áreas da vida: trabalho, estudos, relações familiares e até o próprio cuidado pessoal podem ficar de lado. Mudanças de comportamento, como irritabilidade, ansiedade, isolamento social e dificuldade para lidar com frustrações, também são comuns.
Os impactos emocionais e psicológicos
O vício em apostas não afeta apenas o bolso. De acordo com a psicóloga, os danos emocionais e psicológicos são profundos. A busca constante por recuperar perdas financeiras e a sensação de falta de controle podem gerar altos níveis de estresse e ansiedade. “É comum que a pessoa desenvolva sentimento de culpa, vergonha e frustração, o que pode impactar diretamente na autoestima e na saúde mental”, comenta.
Além disso, conflitos familiares, afastamento social, dificuldades para dormir e até sintomas depressivos podem surgir. Em situações mais graves, há risco de pensamentos autodestrutivos.
Como buscar ajuda
Polyana reforça que, embora o caminho pareça difícil, é possível sair desse ciclo com ajuda especializada. A psicoterapia, especialmente através da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), tem mostrado excelentes resultados no tratamento do comportamento compulsivo, o que ajuda paciente a modificar padrões de pensamento e desenvolver estratégias para resistir aos impulsos.
Além do acompanhamento profissional, participar de grupos de apoio pode ser um diferencial, permitindo que a pessoa compartilhe experiências e encontre forças para enfrentar o vício.
Apoio familiar e social é fundamental
A psicóloga também destaca a importância do apoio de familiares e amigos. “Criar um ambiente seguro, sem julgamentos, e manter um diálogo aberto pode fazer toda a diferença na recuperação. O envolvimento da família em sessões de aconselhamento ou terapia contribui para que todos compreendam melhor a situação e ajudem no processo de superação”, destaca.
“Enfrentar o vício em apostas exige um caminho de conscientização e mudança, mas com informação, apoio profissional e uma rede de suporte, a recuperação é totalmente possível”, finaliza Polyana.