A população de rua em Palmas tem aumentado nos últimos anos. Dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/Polos-UFMG) mostram que em 2021, a capital tinha pelo menos 100 pessoas morando nas ruas. No entanto, o boletim de Vigilância Socioassistencial do município aponta que nos primeiros quatro meses deste ano, 627 pessoas foram atendidas pelo Serviço de Abordagem Social (SAS). Do número, quatro eram estrangeiros. 

A maior parte dos atendimentos do SAS no período foi para adultos de 19 a 59 anos, sendo 427 homens e 114 mulheres. Entre os atendidos, 199 estão em situação de rua, 342 são moradores de rua e 86 são transeuntes. Paralelo a isso, Palmas tem um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$ 32.977,35 e Índice de desenvolvimento humano municipal de o,788, valores satisfatórios para uma capital com 34 anos. Em contrapartida, visivelmente é possível notar a quantidade de espaços públicos ocupados por quem não tem o mínimo para viver, enquanto cresce a especulação imobiliária e sobe ainda mais o preço do aluguel. E o que resta? 

Paralelo a isso, o município tem algumas políticas voltadas para essa população, mas que parecem surtir pouco efeito. Entre as ações para o público, estão o Consultório Na Rua, um programa federal que visa a promoção da saúde para a população em situação de rua, a qual se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. 

Em 2016, o projeto “Palmas que Te Acolhe” foi implementado no município, por iniciativa do Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. O projeto tinha como objetivo garantir moradia e alimentação para pessoas em situação de rua, além de oferecer apoio a dependentes químicos. Com uma estrutura dedicada e uma equipe multidisciplinar, o projeto também promovia cursos de formação profissional, rodas de conversa, práticas esportivas e atividades culturais voltadas para pessoas em situação de vulnerabilidade social. No entanto, atualmente o projeto está suspenso. 

Embora existam políticas voltadas para a população em situação de rua em Palmas, os resultados têm sido limitados, e o número de pessoas vivendo nas ruas continua a crescer. A suspensão de projetos evidencia a falta de continuidade em iniciativas que poderiam fazer a diferença na vida dessas pessoas. 

A próxima gestão precisa retomar e fortalecer esses programas e desenvolver novas estratégias que abordem a questão de forma mais abrangente, levando em conta o aumento da especulação imobiliária e o impacto do alto custo de vida. É essencial criar políticas públicas integradas que envolvam habitação, saúde, assistência social e inclusão produtiva, garantindo que as pessoas em situação de rua tenham acesso a direitos básicos e oportunidades reais de reintegração social. Se a tendência atual continuar, a crise social se aprofundará, comprometendo ainda mais a qualidade de vida na capital. Portanto, enfrentar o crescimento da população de rua não deve ser apenas uma prioridade, mas uma ação urgente e contínua da próxima administração.