Pedro Moura

O avanço global da extrema-direita, principalmente na Europa, tem preocupado o Palácio do Planalto, comandado pelo petista Lula. Os resultados parciais das eleições para o Parlamento da União Europeia (UE) nesta segunda-feira, 1°, confirmaram uma mudança súbita à direita da Casa, braço legislativo do principal bloco econômico do mundo.

O governo brasileiro trabalha para criar pontes com o Centrão do velho continente, à medida em que a imagem de Lula se desgasta devido a posicionamentos do presidente de esquerda. A ação visa aliviar o peso do uso político do resultado na Europa na busca por uma frente ampla no Congresso.

Porém, resta a dúvida: afinal, por que a extrema-direita avança, enquanto a esquerda definha? O discurso conservador, o negacionismo e as investidas contra o meio ambiente e direitos básicos, além da disseminação de fake news, são fatores que fortaleceram o movimento direitista. No Brasil, o fenômeno é conhecido como bolsonarismo. 

Neste contexto, a leitura é que a eleição de Lula para este mandato foi um ponto fora da curva em um cenário global mais propenso à direita. Normalmente associada aos interesses do agronegócio e às atividades extrativistas, a direita têm esvaziado pautas que interessam às minorias e que são defendidas pela esquerda, como os direitos das mulheres, das pessoas LGBTQIAPN+ e até os dos trabalhadores.

Apesar das derrotas nos últimos meses, a extrema-direita é resiliente, o que torna o “combate” da esquerda ainda mais difícil. Uma das fontes dessa resiliência é a familiaridade em lidar com as redes sociais, área em que a esquerda ainda é mais analógica. 

Por fim, há as emendas parlamentares. No passado, quando o governo controlava o pagamento desses recursos, tinha mais facilidade em fazer acordos com o Congresso. Hoje, o Congresso conquistou mais autonomia, com orçamento impositivo. Ou seja, grande parcela das emendas passou a ser de pagamento obrigatório, o que esvaziou o poder do Palácio do Planalto, deixando a esquerda ainda mais fragilizada.