Luan Monteiro

Na última semana, protestos anti-imigração tiveram um pico no Reino Unido. As manifestações começaram após um adolescente esfaquear crianças e adultos em uma aula de dança em Liverpool, na Inglaterra, deixando três crianças mortas.

Com a tragédia, a extrema-direita britânica começou uma campanha de desinformação. Perfis em redes sociais passaram a divulgar que o agressor era um imigrante de origem árabe, o que causou uma revolta em várias cidades da Inglaterra, Irlanda do Norte e Escócia.

Por se tratar de um menor de idade, a Justiça decidiu, a princípio, proteger a imagem do suspeito do crime. Porém, após o início das manifestações, um juiz tomou a decisão, considerada “excepcional” de revelar que o criminoso era um adolescente de 17 anos, que nasceu na Inglaterra em uma família ruandesa de origem cristã.

Porém, o estrago já estava feito. Os “protestos”, que fingiu que a motivação fosse “revolta”, se tornou algo racista e xenofóbico. Com o lema “Enough is enough” (“Basta”), fez com que britânicos ateassem fogo em empresas que eles suspeitavam ser propriedade de muçulmanos e árabes.

Além disso, manifestantes lançaram projéteis e atearam fogo em um hotel da rede Holiday Inn, conhecido por acolher solicitantes de asilo no Reino Unido. Mesquitas e delegacias também foram atacadas.

Os ataques fazem com que a população acredite que os manifestantes realmente pensam que suas ações não trazem nenhuma consequência. Sempre é falado sobre os atos de terror provocados pela extrema direita, mas raramente temos algo tão vivido como o que acontece no Reino Unido.

Os países que integram o bloco sofrem de um problema parecido com o resto da Europa: o envelhecimento da população. Com isso, é necessário a busca por imigrantes para manter a força de trabalho ativa e girar a economia. Porém, para eles, essa ajuda é inválida, já que é necessário manter a “identidade branca e cristã”.

Com regiões em conflitos intensos, muitos deles causados pelo próprio Reino Unido e por aliados, esse imigrantes buscam vida melhor em outros países. A Inglaterra, antes e depois do Brexit, se tornou um local que pode ser migrado para, muito por conta de sua economia industrializada que pode oferecer emprego para essas pessoas.

Um país que colonizou o mundo sente, pela primeira vez desde sua formação, o que não é uma colonização em si, mas algo que para eles possa parecer. Esse sentimento, na cabeça do britânico médio, é uma invasão. Essas pessoas não entendem o benefício econômico trazido por uma população que, sim, tem acesso a educação de qualidade e mesmo assim estão dispostas a fazer trabalhos de base dentro da economia. Como escrito acima, nada para eles é mais importante que manter a “identidade branca e cristã”, custe o que custar.