Após a seleção de quase 200 filmes inscritos, o 1º Festival de Cinema Tocantinense de Curta-Metragem – Cinetoca foi concluído no último sábado, 23, no Cine Sesc Palmas, com uma noite dedicada à celebração do cinema independente do Tocantins. O evento, que incluiu debates, exibições e interação com o público, foi encerrado com a entrega de 10 troféus Ritxoko, concebidos em homenagem à cultura indígena Karajá, que serviu de inspiração para a estatueta. Os 18 filmes finalistas, exibidos ao longo de dois dias, atraíram 16.852 votos populares, marcando um envolvimento significativo da comunidade.

Entre os destaques da noite, três filmes dividiram o protagonismo ao conquistarem duas estatuetas cada: “Invisibilidade”, de Túlio de Melo; “Prazer, Ana Carolina”, de Ana Di Monteiro; e “Ritxoko”, das universitárias indígenas Nandyala Waritirre e Milena Kanela.

“Invisibilidade”, que aborda a invisibilidade social do movimento trans e travesti, levou os prêmios de Melhor Filme de Ficção e Melhor Direção. Túlio de Melo celebrou o reconhecimento, “É uma grande surpresa, mas também uma sensação de dever cumprido. Fizemos um trabalho pensando em chamar a atenção das pessoas para o campo do debate que é a questão da invisibilidade do movimento trans e travesti, e que bom que está dando certo”, comemorou o diretor.

O curta “Prazer, Ana Carolina”, já reconhecido em festivais internacionais como o New York Movie Awards, conquistou no Cinetoca os prêmios de Melhor Som e Melhor Filme de Ficção do Júri Popular. Segundo Ana, ser premiada em Palmas representa um marco significativo em sua trajetória profissional, “é um sentimento que não dá para explicar, de poder estar aqui em Palmas, na minha cidade, recebendo dois prêmios. A gente passou por muitos lugares especiais, mas posso dizer que essa premiação aqui hoje, com a minha família, com a ajuda dos meus amigos, estando em um momento tão importante para o cinema do Tocantins é um dos momentos mais especiais que eu já vivi”, afirmou Ana Carolina. 

“Ritxoko”, dirigido por Nandyala Waritirre e Milena Kanela, compartilha o nome do troféu do festival, e emocionou o público ao celebrar a cultura Iny, dos Karajá. Nandyala dedicou o prêmio ao povo indígena, “para nós, é muito importante estar levando esse prêmio para casa. A gente dedica esse troféu para o Povo Iny com muita felicidade e muito orgulho”, declarou.

“Para nós, esse troféu é um símbolo. Receber esse presente que conta sobre a história das artesãs, como se tornou um patrimônio imaterial, sobre empreendedorismo indígena, porque quando a gente fala sobre cultura, a gente está falando de identidade, memória e também de economia”, afirmou Milena Kanela.

A primeira edição do Festival Cinetoca superou as expectativas, segundo Leandro Alcantara, idealizador do projeto, “alcançamos números inimagináveis, com quase 17 mil votos no júri popular, um total de 16.875, o que é um resultado incrível para a estreia. Além disso, conseguimos consolidar a identidade do troféu, que agora será o padrão do festival em todas as edições. A aceitação do público foi sensacional, os realizadores ficaram encantados com o troféu, e a repercussão foi muito maior do que esperávamos. Para a equipe de produção, foi a realização de um sonho”, declarou Leandro.

O troféu do festival, inspirado nas bonecas Karajá, reflete a riqueza simbólica dessa expressão cultural. Reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil, as bonecas desempenham um papel que ultrapassa o aspecto lúdico, atuando como elementos de preservação e transmissão da cultura e identidade do povo Karajá. Além disso, sua produção artesanal constitui uma relevante fonte de sustento econômico para as comunidades indígenas.