Caminhões com ácido sulfúrico e agrotóxicos que caíram na ponte JK podem estar intactos, diz PM
24 dezembro 2024 às 15h52
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A Polícia Militar do Estado do Tocantins (PMTO) informou nesta terça-feira, 24, que os três caminhões carregados com 5 mil litros de defensivos agrícolas e 76 toneladas de ácido sulfúrico que caíram neste domingo, 22, sobre a Ponte Juscelino Kubitschek, entre o Maranhão e o Tocantins, podem estar intactos. Até esta tarde, quatro vítimas foram encontradas sem vida e 13 seguem desaparecidas. Ao menos dez veículos estão submersos no rio.
Neste momento, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (SEMA/MA) monitoram a qualidade da água. Equipes foram mobilizadas para coletar amostras em cinco pontos do rio, desde a barragem da usina hidrelétrica de Estreito até o município de Imperatriz. Essas amostras serão analisadas em conjunto com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), reconhecida por sua expertise em avaliações de poluentes.
Além das coletas, a ANA calculou o tempo de deslocamento da pluma contaminante, comunicando tais dados às autoridades locais e estaduais para mitigar impactos em serviços de captação de água. Nos estados, os municípios possivelmente afetados foram orientados a suspender temporariamente a captação até que haja segurança para o consumo humano.
Com mais de 150 outorgas de uso da água concedidas pela ANA na região, os impactos podem se estender a 19 municípios à jusante do ponto do acidente até o encontro do rio Tocantins com o Araguaia. Entre os potenciais atingidos, 11 estão em Tocantins e 8 no Maranhão, que dependem diretamente do rio para abastecimento, agricultura e pesca.
Conforme a ANA, os agrotóxicos e o ácido sulfúrico representam um risco ambiental grave. Os 25 mil litros de agrotóxicos carregados nos caminhões podem comprometer tanto a qualidade da água quanto a biodiversidade do rio. O ácido sulfúrico, um dos produtos mais corrosivos utilizados em indústrias, também pode alterar drasticamente o pH da água, tornando-a imprópria para consumo e fatal para espécies aquáticas.
Rio Tocantins
Com 2.400 km de extensão, o rio Tocantins é fundamental para a vida e a economia da região. Ele atravessa estados como Tocantins, Maranhão, Goiás e Pará, integrando a maior região hidrográfica 100% brasileira: a bacia Tocantins-Araguaia. Os impactos desse desastre são amplificados pela dependência de diversas comunidades que utilizam suas águas para sobreviver.
Enquanto os resultados das análises da água não são conclusivos, a recomendação é evitar qualquer uso do rio em regiões impactadas. A ANA informou que, em articulação com órgãos estaduais, continua a monitorar o rio Tocantins, com o objetivo de mitigar danos e informar a população sobre os riscos da tragédia.