Candidata a vereadora de Palmas denuncia violências sofridas na campanha eleitoral
06 setembro 2024 às 16h41
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A candidata a vereadora do Coletivo Somos, Thamires Lima (PT), denunciou nas redes sociais uma série de violências que tem sofrido ao longo da campanha eleitoral. Dentre algumas situações degradantes que ela tem vivido, Thamires cita racismo, gordofobia e violência de gênero. “Todas as medidas judiciais e administrativas foram tomadas, além do material de resposta que disponibilizamos nas nossas redes sociais”, disse a pleiteante à Câmara Municipal.
Conforme a Lei nº 14.192, de 4 de agosto de 2021, é crime assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
De esquerda, o Coletivo Somos defende diversas causas com foco principalmente na justiça social, direitos de mães atípicas, moradia, defesa dos direitos dos animais, proteção ambiental, defesa da causa LGBTQIA+, transparência e fiscalização na administração pública, e inclusão social. O nome de Thamires aparecerá nas urnas, mas o grupo também é composto por Eduardo Azevedo, a assistente social Elba Bruno, a protetora animal Luciely Oliveira, a professora Natália Pimenta, o servidor público federal Alexandre Peara, e o advogado Ayrton Lopes.
“Faz o L e engole o choro, e outra coisa fica um pouco longe da câmera pq não está cabendo”, “Calma gordona, tá comendo picanha demais, colesterol tá subindo…”, “Gorda trabalha do que?”, “Se manca, tua barriga com tanto efeito que ta parecendo o intestino delgado” são algumas das ofensas que Thamires recebeu como comentário em suas postagens.
Segundo o coletivo, não é de hoje que o grupo recebe ataques. “Não é de hoje que a extrema direita tem atacado o Coletivo Somos e a nossa porta-voz, Thamires Lima, com esses e muitos outros insultos. Mas o Somos é sinônimo de coragem e não vai se calar”. Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, Thamires disse que enfrenta ataques diários, muitas vezes mais de uma vez por dia, tanto que não consegue quantificá-los, mas ela afirma que são numerosos. “Estou nessa luta há quase cinco anos e já experimentei a invisibilidade por diversas razões: por não estar no nome na urna, por ser mulher, negra, de religião de matriz africana e lésbica. Sempre tentam me atacar a partir da minha identidade. Não posso negar que isso dói, pois sou humana”.
No entanto, ela acrescenta que transformou esses ataques em coragem. “Coragem para enfrentar a extrema-direita e qualquer forma de preconceito. Nossa voz é ouvida por muitos, e uma frase de Angela Davis que me inspira profundamente é: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. É exatamente isso que estamos fazendo e que continuaremos a fazer”, pontua.
Thamires afirma que alguns ataques que enfrenta são extremamente pesados e, em alguns casos, configuram crimes que estão sendo devidamente tratados como tal. “No entanto, ao contrário do que muitos possam pensar, esses ataques não me intimidam. Pelo contrário, eles confirmam que eu e o Coletivo SOMOS estamos no caminho certo para enfrentar todo tipo de preconceito. Conto com auxílio psicológico e uma sólida rede de apoio que me fortalece constantemente”.
Ao término da entrevista, Thamires deixou um recado. Confira na íntegra.
Eu me lembro da Thamires, uma jovem que trabalhava na rodoviária, ajudando os outros a emitir passagens para que pudessem seguir seus sonhos. Era uma época em que ela própria estava em busca de algo maior. Lembro da Thamires universitária, que desafiava as horas do dia para equilibrar um emprego e os estudos. Enfrentava jornadas extenuantes, mas que persistia com determinação.
Há também a Thamires pesquisadora, que, durante a pandemia, se lançou em sua pesquisa sobre gênero e política com muita resiliência. E a mulher que, ao longo desses cinco anos, se fortaleceu politicamente. Uma mulher corajosa, que não se intimida diante dos poderosos e poderosas, que teve sua voz erguida com o apoio de muitas e muitos que acreditaram nela. Essa trajetória me ensinou algo que dinheiro nenhum pode comprar. Por isso, minha mensagem, especialmente para as mulheres, é clara: se você enfrentar qualquer forma de violência—física, patrimonial ou mental—denuncie. Não se deixe intimidar; busque ajuda. A violência política também é real e estou enfrentando ela, não apenas por mim, mas por todas nós. O lugar da mulher é onde ela deseja estar, e juntas, ocuparemos cada vez mais os espaços decisivos de poder, construindo uma sociedade mais segura e justa para todas. Esse é o meu compromisso!