Caso de racismo e agressão em show no Capim Dourado chega ao Ministério Público e será investigado pela Polícia Civil

14 setembro 2025 às 10h53

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O caso de agressão e denúncia de racismo registrado durante o show do grupo Menos é Mais, no Capim Dourado Shopping, em Palmas, no sábado, 6 de setembro, ganhou novos desdobramentos nesta semana. Além do boletim de ocorrência registrado pela vítima, o prestador de serviços Jean Costa Melo, conhecido artisticamente como Pretorec, a situação agora é alvo de atuação do Ministério Público Estadual (MPE/TO) e de entidades de defesa dos direitos humanos.
Jean relatou que foi abordado e agredido por seguranças contratados pela produção do evento, enquanto trabalhava na venda de copos, com autorização do shopping. Apesar de apresentar a pulseira de identificação, ele afirma que teve seus objetos confiscados, sofreu violência física e foi alvo de falas discriminatórias. O episódio só se tornou público na quinta-feira, 11, quando ele publicou nas redes sociais um vídeo relatando os acontecimentos e pedindo providências.
Na sexta-feira, 12, o Coletivo SOMOS protocolou denúncia no MPE requerendo abertura de investigação. “Esse caso mostra a urgência de continuarmos mobilizados contra o racismo estrutural. Estamos ao lado da vítima e cobraremos que a justiça seja feita”, declarou Thamires Lima, porta-voz do coletivo.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB/TO) também se posicionou por meio de duas de suas comissões. Em nota conjunta, a Comissão de Direitos Humanos e a Comissão de Igualdade Racial repudiaram a violência sofrida por Jean e reforçaram que acompanharão o caso junto às autoridades.
A Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Tocantins (SEIR/TO) manifestou solidariedade à vítima e pediu rigor na apuração. A pasta destacou que, em um estado cuja população é composta em mais de 75% por pessoas negras, atos de racismo não podem ser tolerados. Em nota, convocou a sociedade tocantinense a romper com a normalização da violência e a se engajar na construção de uma narrativa em que todas as vidas sejam reconhecidas e respeitadas.
A administração do Capim Dourado Shopping esclareceu que os seguranças citados não fazem parte de sua equipe, mas da produção do evento, e reforçou que preza pela segurança e bem-estar dos clientes.
O caso foi registrado na Polícia Civil, que deve ouvir testemunhas e identificar todos os envolvidos na abordagem. A investigação apura tanto as agressões físicas quanto a denúncia de racismo.