As eleições para diretores das escolas municipais de Palmas, marcadas para o próximo dia 18 de dezembro, têm gerado alguns debates e preocupações quanto à influência da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) no futuro da rede de ensino. O pleito, que abrangerá diversas escolas, ganhou destaque pela disputa na Escola Municipal de Tempo Integral Almirante Tamandaré, onde a ex-diretora Idelma Pereira tentará retomar o cargo, concorrendo contra Fátima Sena (PSDB), atual diretora nomeada pela prefeita. A nomeação de Fátima gerou polêmicas, pois ela foi secretária de Educação de Cinthia e deixou o cargo após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Fátima também concorreu ao cargo de vereadora nas últimas eleições.

Fátima Sena foi investigada pela PF em 10 de agosto de 2023, durante as operações “Segundo Plano” e “Plano Inserto”. Essas ações apuraram supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos da Secretaria de Educação de Palmas.

Idelma Pereira foi exonerada por Cinthia Ribeiro no dia 14 de novembro, e Fátima foi nomeada em seu lugar. Inicialmente, a candidatura de Idelma foi impugnada pela prefeitura sob a alegação de que ela havia ocupado o cargo de diretora há mais de três anos, o que o edital das eleições não permitia. No entanto, sua exoneração abriu margem para que Idelma recorresse à Justiça e garantisse o direito de participar da disputa.

A nomeação de Fátima Sena como diretora da Almirante Tamandaré no mesmo Diário Oficial que exonerou Idelma foi criticada por diversos vereadores. Eudes Assis (PSDB), ex-aliado de Cinthia Ribeiro e que teve indicados seus exonerados após o rompimento com a prefeita, manifestou-se contra a ação:

“Uma mudança de vereador e ela exonera, agora ladrão, ela [Cinthia Ribeiro] não toma providências, protege e ainda dá prêmio. Hoje eu sinto vergonha de ver uma filiada do PSDB nesse papel, quando deveria estar prestando depoimentos para a Polícia Federal”, disse ele na tribuna da Câmara Municipal. 

Rogério Freitas (PSD), em entrevista ao Jornal Opção Tocantins criticou a forma como estava sendo feita a escolha dos gestores das escolas municipais e questionou as intenções de Cinthia Ribeiro: “fica claro para mim que a intenção dela [Cinthia Ribeiro], nas últimas ações apresentadas, é inviabilizar o próximo governo. Eu sou servidor de carreira da educação estadual, e direção de escola nunca pode ser baseada em processo eletivo, tem que ser seletiva. Quem for melhor tecnicamente, que assuma o cargo, depois de criteriosas etapas de seleção”, afirmou o vereador. 

Uma jogada que não deu muito certo

Nos bastidores, a nomeação de Fátima Sena pela prefeita Cinthia dias antes das eleições para diretores escolares é vista como uma tentativa de manter influência política na Escola Municipal Almirante Tamandaré. Contudo, a estratégia acabou favorecendo a ex-diretora Idelma Pereira, exonerada em 14 de novembro. A saída de Idelma do cargo, após mais de três anos na direção, permitiu que ela se tornasse elegível, já que o edital proibia candidaturas de quem estivesse na função por esse período, mas não previa quarentena. Agora, Idelma disputa diretamente contra a indicada de Cinthia.

A lista tríplice
Apesar de todo o processo eleitoral, no fim das contas, quem decidirá o nome para diretoria das escolas municipais será a própria prefeita. Já que o edital das eleições prevê: “o ato do Chefe do Poder Executivo Municipal para designação do Diretor Escolar não está vinculado à ordem de votação dos candidatos”. Ou seja, no final, a prefeitura sequer precisa nomear o candidato mais votado. A lista tríplice teria alguma serventia se mais de três pessoas se colocassem na disputa, oque, na maioria das escolas não foi realidade.