Em Porto Nacional, influenciadora suspeita de divulgar jogos de azar tem prisão convertida em domiciliar

07 outubro 2025 às 17h31

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A prisão da influenciadora digital Ana Paula Cerqueira Carvalho, de Porto Nacional, foi convertida de preventiva para domiciliar. De acordo com a defesa, a decisão judicial leva em conta que a investigada tem filhos menores de 12 anos e não há “qualquer indício de violência ou grave ameaça nos fatos sob investigação”. Ela é alvo de investigação por suposta promoção de plataformas ilegais de jogos de azar nas redes sociais.
Ana Paula foi detida no sábado, 4, após a Polícia Civil constatar que, mesmo depois de ser alvo de uma operação em setembro, continuou ocultando patrimônio. Tanto a influenciadora quanto o ex-marido, cujo nome não foi divulgado, são investigados por lavagem de dinheiro. A Justiça autorizou o bloqueio de bens dos suspeitos de até R$ 9,5 milhões.
A conversão da prisão em domiciliar ocorreu na segunda-feira, 6. Segundo a defesa, “Durante toda a investigação, Ana Paula demonstrou postura cooperativa e transparente. Compareceu espontaneamente à Delegacia, prestou esclarecimentos, apresentou documentos e colocou-se à disposição das autoridades competentes. Desde o início, a defesa enfatizou que não há qualquer tentativa de obstrução da Justiça”, conforme nota divulgada. O Tribunal de Justiça do Tocantins informou que o processo corre em sigilo.
Ocultação de patrimônio
Segundo a Polícia Civil, Ana Paula utilizava suas redes sociais para enganar seguidores e promover atividades ilegais.
No sábado, 4, policiais cumpriram o mandado de prisão preventiva emitido pela 2ª Vara Criminal de Porto Nacional. A influenciadora havia sido alvo de uma operação em 19 de setembro deste ano e, mesmo após isso, manteve a ocultação de patrimônio obtido por meio de recursos ilícitos.
Após os procedimentos legais, Ana Paula foi conduzida à Unidade Prisional Feminina de Palmas, onde permaneceu até segunda-feira, 6.
Lavagem de dinheiro
A investigação teve início em 2024. De acordo com a Polícia Civil, o grupo era responsável por lavar dinheiro obtido por meio da divulgação das plataformas de jogos em outras transações.
Em setembro de 2025, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Nacional e Brejinho de Nazaré.
O delegado Wagner Rayelly afirmou que a divulgação de serviços de apostas irregulares nas redes sociais pode causar grandes prejuízos e, por isso, está sendo monitorada pela Polícia Civil.
“Os seguidores de influenciadores que divulgam essas plataformas acabam sendo suas maiores vítimas, uma vez que assistem a simulações de grandes ganhos e acabam fazendo as apostas acreditando que terão resultados semelhantes. Não é raro que acabem perdendo grandes quantias. É uma modalidade de crime relativamente nova, mas que está sendo monitorada pela Polícia Civil do Tocantins”, declarou.
Íntegra de nota da defesa
A defesa de Ana Paula Cerqueira Carvalho, cirurgiã-dentista e servidora pública do município de Porto Nacional, recebeu com serenidade e senso de justiça a decisão proferida neste domingo (05/10) pelo Juiz de Direito Dr. Elias Rodrigues dos Santos, que, em audiência de custódia, substituiu a prisão preventiva pela prisão domiciliar. A medida atende aos parâmetros legais do art. 318, V, do Código de Processo Penal e ao entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça sobre a proteção integral das mães com filhos menores de doze anos.
A decisão reconhece que Ana Paula é mãe de duas crianças em tenra idade, sem antecedentes, com profissão lícita, residência fixa e fortes vínculos comunitários, não havendo qualquer indício de violência ou grave ameaça nos fatos sob investigação. A Justiça Tocantinense, com sensibilidade e firmeza, soube conciliar a legalidade da persecução penal com a proteção da dignidade humana e da estrutura familiar, aplicando o direito de forma equilibrada, técnica e humanitária.
Durante toda a investigação, Ana Paula demonstrou postura cooperativa e transparente. Compareceu espontaneamente à Delegacia, prestou esclarecimentos, apresentou documentos e colocou-se à disposição das autoridades competentes. Desde o início, a defesa enfatizou que não há qualquer tentativa de obstrução da Justiça, mas sim o desejo de esclarecer os fatos com serenidade e respeito institucional.
Importa destacar que a própria decisão judicial registrou o comprometimento de Ana Paula em colaborar com a persecução penal, inclusive com a entrega voluntária do veículo objeto de sequestro, reforçando a confiança da defesa na boa-fé e no senso de responsabilidade da requerente. Essa conduta espontânea confirma o que a defesa sempre afirmou: Ana Paula não representa risco à instrução processual nem à aplicação da lei penal.
A defesa técnica, representada pelos advogados WILIBRANDO BRUNO ALBUQUERQUE DE ARAÚJO (OAB/DF 66.470) e JORDANA DE SOUSA TORRES (OAB/PI 20.689-A), manifesta público reconhecimento à atuação célere, ponderada e sensível do Poder Judiciário Tocantinense, que aplicou corretamente a lei à luz da Constituição e da jurisprudência dos Tribunais Superiores. A decisão, ao equilibrar rigor técnico e compreensão humanitária, reafirma a confiança da advocacia nas instituições de Justiça e no Estado Democrático de Direito.
A defesa reafirma, ainda, seu comprometimento em continuar colaborando com a autoridade policial e com o Ministério Público, sempre pautada pela verdade, pela boa-fé e pela confiança nas vias legais. Ana Paula seguirá cumprindo as condições impostas pelo juízo, contribuindo com o processo e preservando a estabilidade e o bem-estar de suas filhas.
Por fim, a defesa agradece à imprensa pelo respeito à intimidade da família e reitera que a concessão da prisão domiciliar não significa privilégio, mas a concretização da justiça humanizada, que reconhece que nenhuma investigação deve afastar uma mãe de suas crianças quando o direito e a proporcionalidade apontam para medidas alternativas.