A Coordenação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Araguaia/Tocantins está promovendo um grande encontro dos clãs do povo Xerente, no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente, em Tocantínia, com programações que seguem até este sábado, 29. O evento, que começou na terça-feira, 25, reúne representantes de diversas instituições que atuam diretamente com o povo Xerente para discutir a atual conjuntura das políticas públicas que impactam a comunidade.

Além disso, o encontro também tem sido uma oportunidade para a nova geração de jovens Xerente se envolver com representantes de instituições, compartilhando suas perspectivas, ao mesmo tempo em que os anciãos contribuem com suas experiências e visões sobre o futuro do povo.

O povo Xerente, pertencente ao tronco linguístico Jê, compartilha um dialeto com os Xavante e os Xacriabá. Atualmente, os Xerente estão localizados em terras indígenas no município de Tocantínia, a cerca de 80 km da capital Palmas, entre a margem direita do Rio Tocantins e a margem esquerda do Rio Sono, afluente do Tocantins. A comunidade ocupa duas áreas demarcadas, a chamada “área grande” ou “área Xerente”, e a “área Funil”. O idioma falado é a variação Xerente da língua Akwẽ.

Apesar dos desafios trazidos pelo contato com a sociedade moderna, os Xerente seguem mantendo viva sua cultura, ainda que algumas pessoas de fora possam considerar equivocadamente que o povo está “perdendo sua cultura” ou sendo “aculturado pelos não indígenas”. 

A organização social dos Xerente é composta por duas metades exogâmicas, associadas ao Sol e à Lua, dividindo os clãs em duas partes: uma metade chamada Doí, com os clãs Kuzaptedkwa (“os donos do fogo”), Kbazitdêkwa (“os donos do algodão”) e Kritoitdêkwa (“os donos do jogo com a batata assada” ou “donos da borracha”); e a outra metade, que inclui os clãs Krozake, Krãiprehí e Wahirê, formando assim um total de seis clãs.