Entidade denuncia crimes ambientais e ameaças contra comunidade quilombola em Lagoa do Tocantins; veja vídeo

16 outubro 2025 às 17h35

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A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) denunciou uma nova série de crimes ambientais e violações de direitos humanos no Território Quilombola Rio Preto, localizado no município de Lagoa do Tocantins. Em nota pública, a entidade cobrou providências urgentes das autoridades estaduais e federais para interromper o que classifica como uma “sequência de violências” e assegurar a integridade das famílias quilombolas.
De acordo com boletim de ocorrência registrado pela comunidade, funcionários da empresa Lagoa Dourada invadiram o território no dia 30 de setembro de 2025 utilizando uma retroescavadeira. O grupo teria despejado entulhos no brejo conhecido como Brejo Seco, em uma tentativa de abrir passagem para veículos e intimidar os moradores.
A COEQTO afirma que a ação caracteriza crime ambiental e descumpre decisão judicial que proíbe a empresa Lagoa Dourada de realizar qualquer intervenção na área da comunidade. A sentença vigente prevê multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento.
Segundo a coordenação, a invasão mais recente se soma a uma série de ataques que a comunidade enfrenta há mais de dois anos, incluindo incêndios criminosos, destruição de plantações, cercamentos ilegais, instalação de placas proibindo o acesso de moradores, além de ameaças e intimidações.
Clima de medo e insegurança
A presidente do Quilombo Rio Preto, Rita Lopes, relatou que as ameaças se intensificaram a ponto de impedir suas atividades na associação.
“Eu não estou conseguindo ir dentro do território por causa das ameaças. Já recebi ligações e áudios de pessoas querendo que eu desfaça a associação, me intimidando”, afirmou.
A COEQTO denuncia que, mesmo com o reconhecimento oficial da comunidade pela Fundação Cultural Palmares — concedido em 25 de outubro de 2023 —, as violações persistem. A organização lembra que os conflitos se agravaram após decisão judicial de 2023 que garantiu a posse da área à comunidade quilombola e suspendeu a reintegração de posse solicitada por fazendeiros.
Cobrança por ação efetiva
A coordenação reforça que o caso é de conhecimento das autoridades estaduais, municipais e federais desde 2023, mas que até o momento não houve medidas efetivas de proteção. “É inadmissível que os criminosos continuem agindo impunemente, colocando em risco a vida das famílias e o meio ambiente”, diz a nota.
A COEQTO pede a imediata intervenção das autoridades competentes, o cumprimento da decisão judicial e ações concretas para garantir a segurança das cerca de 50 famílias que vivem no Território Quilombola Rio Preto.