Os desafios enfrentados pelo Brasil na manutenção de investimentos ideais em infraestrutura se refletem em projetos importantes para a economia, mas que ainda permanecem inacabados. No Tocantins, um exemplo é a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que terá um impacto direto no Estado. 

Com aproximadamente 1.527 quilômetros de extensão, a FIOL ligará o futuro porto de Ilhéus, no litoral da Bahia, a Figueirópolis, município do Tocantins, onde se conectará à Ferrovia Norte-Sul. Entre os objetivos da FIOL está a redução dos custos de transporte de grãos, álcool e minérios destinados aos mercados internos e externos, além de interligar os Estados de Tocantins, Maranhão, Goiás e Bahia aos portos de Ilhéus (BA) e Itaqui (MA). 

Com previsão de conclusão em 2027, a ferrovia foi a primeira obra anunciada para compor o Novo PAC, o plano de investimentos do governo federal, lançado no ano passado. No entanto, para que a ferrovia funcione, é necessário que o projeto do Porto Sul avance, mas que enfrenta questões ambientais.

Outros exemplos são a ferrovia Transnordestina, a usina nuclear Angra 3, a rodovia BR-163 e a transposição do Rio São Francisco.

Transposição do Rio São Francisco

A transposição do Rio São Francisco é um dos exemplos de projetos de longa duração, com planos que datam de 1810, no final do período colonial. Mas a ideia ganhou impulso durante o Império, quando Dom Pedro II considerou a execução do projeto.

Embora o projeto tenha sido oficialmente iniciado em 1985, sua implementação real começou apenas em 2007, com a inauguração da primeira parte ocorrendo dez anos depois. O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil, destinado a captar água para transporte a bacias dos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

A obra está dividida em cinco lotes, dos quais três já foram concluídos e dois ainda estão em andamento. Atualmente, as obras alcançam 75% de execução.

Rodovia BR-163

Com uma extensão total de 3.579 quilômetros, a BR-163 conecta as regiões Sul e Norte do Brasil. O trecho faz parte do Corredor Norte, crucial para o escoamento da safra do Centro-Oeste pelos portos do Norte. A rodovia era de terra batida, mas, ao longo dos anos, o governo implementou a pavimentação e a licitação de alguns trechos.

As obras tiveram início em 1971, durante o regime militar. Em 2014, dois trechos foram concedidos à iniciativa privada, o que prometia acelerar o desenvolvimento do projeto. Contudo, as concessões não alcançaram os resultados esperados, resultando em investimentos aquém do necessário e em maiores deteriorações da rodovia, que sempre enfrentou diversos problemas.

Angra 3

Capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora anualmente, suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas, a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) terá uma potência de 1.405 megawatts. A construção começou em 1981, mas foi interrompida em 1984. As obras foram retomadas em 2010, mas novamente paralisadas em 2015, quando já estavam mais de dois terços concluídas, devido a investigações da Lava Jato envolvendo a Eletronuclear.

Em 2022, o consórcio Agis – que inclui Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz – reiniciou a construção. O governo previa que a usina começasse a operar entre 2027 e 2028, mas recentemente o prazo foi alterado para 2030. Até agora, foram investidos R$7,8 bilhões, e estima-se que serão necessários cerca de R$23 bilhões para a conclusão da obra.

Ferrovia Transnordestina

A Ferrovia Transnordestina, considerada a maior obra linear em andamento no Brasil, está sendo realizada pela CSN em parceria com o governo federal. Com uma extensão de 1.206 quilômetros, a ferrovia ligará Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto do Pecém, no Ceará, e inicialmente incluía um ramal para o Porto de Suape, em Pernambuco. O projeto visa impulsionar a produção na região nordestina e facilitar o transporte de grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério.

Financiada por diversas entidades, incluindo CSN, Infra (antiga Valec), Finor, BNDES, BNB e Sudene, a obra começou em 2006 com um custo estimado de R$ 4,5 bilhões. A previsão de conclusão foi adiada para 2029, com um orçamento revisado de R$15,7 bilhões, e atualmente apresenta trechos tanto inacabados quanto não iniciados.