Filho de ex-assessor de Wanderlei tirou até selfie com pilhas de dinheiro em espécie que seria desviado, revela PF

04 setembro 2025 às 10h12

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Relatórios da Medida Cautelar Inominada Criminal utilizados na segunda fase da Operação Fames-19, iniciada nesta quarta-feira, 3, obtidos com pelo Jornal Opção Tocantins, apontam que Marcus Vinícius Santana, filho de Taciano Darcles Santana Sousa, ex-assessor do governador Wanderlei Barbosa, desempenhava papel central na movimentação de dinheiro em espécie do esquema investigado pela Polícia Federal. Entre os registros obtidos, há selfies e fotos que mostram Marcus com grandes quantias de dinheiro.
O inquérito detalha que Marcus recebia valores provenientes de contratos da MC Comércio de Alimentos Ltda., empresa ligada à Taciano, que participou de 17 processos de fornecimento de cestas básicas e um de proteína animal, totalizando R$ 12.271.100,00 pagos pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas). Parte desse dinheiro seria repassada a seu pai ou a Thiago Marcos Barbosa, que supostamente distribuíam os recursos aos demais envolvidos, incluindo o próprio governador.

Segundo o relatório do ministro Mauro Campbell, do STJ, as imagens recuperadas mostram “maços e mais maços de dinheiro em espécie, seja dentro de seu carro, seja em sua pasta ou empilhados em sua mesa” de Marcus Vinicius. Esses elementos foram determinantes para o afastamento do governador Wanderlei Barbosa e da primeira-dama Karynne Sotero Campos, sob justificativa de “crime em curso”.
A investigação também aponta que os recursos eram utilizados para quitar despesas pessoais do governador, muitas vezes pagas em espécie ou por boletos em lotéricas do interior do Tocantins, levantando suspeitas de possível lavagem de capitais. Marcus e Taciano mantinham contato direto com Paulo César Lustosa, ex-marido da primeira-dama, que orientava sobre empresas vencedoras em licitações e repasses de valores.
Operação Fames-19
A Operação Fames-19 teve sua segunda fase iniciada nesta quarta-feira, 3, mirando um esquema de desvio de recursos públicos no Tocantins, envolvendo contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados entre 2020 e 2021. A ação da Polícia Federal investiga indícios de desvio de aproximadamente R$ 73 milhões.
Como resultado desta fase, o ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e da primeira-dama Karynne Sotero Campos, supondo a existência de crime em curso. Entre os elementos que motivaram a decisão estão fotos e selfies recuperadas pela PF, que mostram integrantes do esquema com grandes quantias em dinheiro em espécie.