Folha: “PT é um dos partidos que pode nos acompanhar na eleição de 2024”
01 outubro 2023 às 10h50
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O presidente da Câmara de Palmas, vereador José do Lago Folha Filho (PSDB), avalia que a operação da Polícia Federal, que prendeu secretário municipal com dinheiro que não conseguiu explicar a origem, causou desgastes para a gestão, mas garante que nada tem a ver com a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). “Desgaste, com certeza teve. E a Polícia Federal é para isso mesmo. Os órgãos fiscalizadores estão aí para investigar, para não deixar o erário público ser gasto com aquilo que não está ordenado para ser gasto”, ressaltou.
Folha revelou ainda que há um acordo com a prefeita Cinthia para a articulação de uma frente de partidos para abrigar todos os vereadores da base que desejam disputar a reeleição. Segundo o vereador, o objetivo é fazer um chapão envolvendo três partidos e 13 vereadores. “Nós temos hoje 12 ou 13 vereadores na base e nós vamos dividir esses vereadores nesses dois ou três partidos. Mas o candidato da prefeita, nós estamos aguardando um entendimento dela com o governador Wanderlei Barbosa”, contou.
O vereador está convicto de que a cultura política de Palmas, uma cidade ainda em formação, não tem espaço para a polarização entre direita e esquerda. Para ele, a disputa será entre nomes, não entre ideologias. “Se você procurar para 10 eleitores o que é direita e esquerda, sete não vão saber explicar isso”, defendeu.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, Folha explicou que tentou articular a sua candidatura a prefeito, mas que não encontrou o respaldo que desejava e que agora prefere disputar o quinto mandato de vereador. Ele garantiu ainda que a CPI da BRK vai produzir o resultado que a sociedade espera. “Eu posso deixar aqui um recado escrito: não terminará em pizza”, declarou.
A prefeita Cinthia Ribeiro recentemente promoveu encontro com pré-candidatos a prefeitos de Palmas, já começando um alinhamento político para 2024. Pelo que se viu, a prefeita quer assumir protagonismo na sua sucessão. Como a Câmara acompanha esse processo?
No dia do encontro, da visita feita pelos deputados à prefeita Cinthia, eu não estava na cidade. É lógico que a liderança da prefeita em Palmas é expressiva e é importante para qualquer pré-candidato ou pré-candidata que ela venha dar o apoio. Eu sou aliado dela, do partido dela, a fala política, desde o processo de candidatura do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), é de que, juntos, a Prefeitura e o Governo do Estado pudessem apresentar os candidatos a prefeito e de vice em Palmas na eleição de 2024. Nós estamos caminhando para isso. Eu imagino que a busca dos deputados estaduais e do deputado federal no apoio da prefeita Cinthia nesse último encontro é justamente porque eles entendem que a liderança dela, a força política dela em Palmas, é expressiva e ela é importante e significa muito no apoio a qualquer candidato.
A partir de outubro nós vamos começar a construção das bases para os pré-candidatos a vereador.
Nós estamos conversando sobre a definição do candidato, que seria de fevereiro de 2024 para frente. Porém, a partir de outubro nós vamos começar a construção das bases para os pré-candidatos a vereador. Então, o nosso pensamento é que nós possamos criar força e construir um elenco forte em dois ou três partidos, para fazer parte da base dela. Nós temos hoje 12 ou 13 vereadores na base e nós vamos dividir esses vereadores nesses dois ou três partidos para poder compor a chapa de vereador e depois a chapa majoritária. Mas o candidato da prefeita, nós estamos aguardando um entendimento dela com o governador Wanderlei Barbosa para decidir.
Quais são os partidos que estão na base da prefeita e quais os que poderiam, numa composição futura, serem cooptados para 2024?
A Câmara Municipal de Palmas, nessa última eleição, formou uma composição com muitos partidos. Nós temos hoje PT, PTB, PSDB, PSB, que tem vereadores na base, mas que o partido não é comandado por nós, da base da prefeita. Nós temos aí 13 vereadores em seis ou sete ou oito partidos. A Câmara de Palmas pode construir fortemente três grandes partidos com três grupos bons para contribuir na eleição de prefeito de 2024. Quais seriam esses partidos? Hoje nós temos conversas com o PSDB, o PSD e vários outros.
Vamos fortalecer dois ou três partidos para a composição de candidatos a vereador
O PT pode ser um dos partidos que nos acompanha nessa eleição. O próprio Republicanos, o PSDB, o Cidadania, que faz parte também da nossa federação, tem o vereador Joatã {Silva], tem o vereador Rubens Ochoa, que é oposição, mas o partido faz parte da federação, não sei como é que vai ficar. De fato, só pode definir tudo isso a partir de abril, porque nós temos até 3 de abril para os candidatos a vereador se posicionarem. Abre a janela no mês de abril e você pode permanecer ou sair. O fato é que nós vamos fortalecer dois ou três partidos para a composição de candidatos a vereador.
E como é que fica a sua postulação? Chegou a anunciar a pretensão de disputar essas eleições para a prefeitura de Palma. Já se considera fora do páreo? Vai acompanhar a prefeita ou o seu nome ainda pode vir a aparecer, inclusive, nessas articulações com a chapa de vereadores?
Eu tenho muita tranquilidade de dizer que sou muito companheiro da prefeita e ela é muito companheira minha também. Em sendo companheiro e aliado, você está pronto para disputar qualquer que seja dos cargos, caso o grupo entenda que eu possa ser o nosso nome. Mas hoje, de coração, eu diria que a minha pretensão é de continuar como vereador da nossa capital. Já estou no meu quarto mandato, quem sabe um quinto mandato seria o último para me ajudar a fortalecer as discussões aqui na Câmara Municipal de Palmas. O meu coração pede para voltar a ser candidato a vereador mesmo.
Palmas decidirá pelo melhor nome, pela melhor proposta de governo que o candidato apresentar
Com sua experiência de quatro mandatos em Palmas, agora nós temos uma novidade que é a eleição em dois turnos. O que isso muda?
Primeiro, as estratégias. Depois, a força política da população que se torna muito maior e mais positiva, inclusive no poder de decidir, porque nós vamos ter primeiro e segundo turno. E o primeiro turno tem um cenário interessante, muitas opções. O segundo turno tem dois candidatos, não tem como ser mais do que dois. Nós podemos ter três, quatro, cinco, seis, até dez candidatos para a Prefeitura, mas o segundo turno só são dois. Esses dois candidatos terão da população uma condição muito mais tranquila de serem avaliados para a escolha daquele que vai se tornar o prefeito da nossa cidade.
É um momento diferente, mas eu acredito que por já ter passado por eleições do Estado, até do governo federal, primeiro e segundo turno, Palmas não será diferente, decidirá pelo melhor nome, pela melhor proposta de governo que o candidato apresentar. Uma diferença que eu acho que é importante citar aqui é que o eleitor terá a condição de, no seu íntimo, na sua vocação política, na sua ideologia partidária, avaliando o perfil do candidato a prefeito e tomar uma decisão que ele possa dizer, não, essa decisão foi a mais assertiva. Então eu considero o aspecto político um ponto interessante, ter primeiro e segundo turno, mas eu considero que o mais importante disso é a posição firmada do eleitor quando vai decidir para que lado ele vai andar.
Na sua opinião, quais os nomes com maior possibilidade de chegar ao segundo turno, pelos que estão postulando a condição de candidato?
Eu tinha um amigo político que dizia que política é igual o tempo. De manhã tem nuvem, de tarde tem sol. Às vezes o eleitor, por uma fala, por um projeto, por um momento em que o pré-candidato ou candidato fala, ele pede o voto, ele explica, ou ele apresenta uma solução para o município, para o Estado em que ele vive, ele muda a convicção. Tem tido algumas eleições que a gente precisa analisar. Temos eleições, por exemplo, do ex-prefeito Carlos Amastha, que começou com 1% e o outro candidato tinha 60%, Amastha finalizou ganhando a eleição e o outro candidato perdendo para ele. O que foi aquilo? Um momento, uma proposta? A gente sabe, o eleitor viu que essa proposta era melhor, viu que ele seria melhor para a cidade. Se o eleitor se decepcionou ou não, eu não posso fazer essa avaliação.
Não vejo que direita ou esquerda seja o caminho que o eleitor vai tomar. Eu acho que vai mais pelo candidato do que pela ideologia
Como vai ser a disputa em Palmas? Poderá repetir o fenômeno da polarização entre direita e esquerda? O que é possível prever desta disputa?
Eu acho que a nossa cultura política está longe de saber e entender o que é direita e esquerda. Se você perguntar para dez eleitores o que é direita e esquerda, sete não vão saber explicar isso. Acho que 30 % do eleitorado brasileiro está firmemente na cultura do que é direita e o que é esquerda. De que lado ele se posiciona, de que lado ele fica. Até porque tem cenários políticos nas grandes localidades, por exemplo, São Paulo, em que o candidato não consegue visitar eleitores. A campanha é mais por mídia, por televisão, por publicidade. Aqui não. Ainda é um local que é uma cidade nova, temos poucas culturas políticas.
Se você buscar aqui os políticos do Tocantins, você tem dois, três que eram políticos antigos. Acabou. Agora são políticos novos. Por quê? É um Estado novo e, principalmente na capital, as raízes são poucas. Você vai ver duas, três famílias que tiveram raízes políticas. Eu não vejo ainda, nesse primeiro momento, que direita ou esquerda seja o caminho que o eleitor vai tomar. Eu acho que o eleitor vai votar mais pelo candidato do que pela ideologia partidária.
Sobre a CPI da BRK. Novamente a comissão não consegue ultrapassar os obstáculos para se instalar. O que explica essa dificuldade?
Há uma ausência em atendimento. Se você analisar, nós temos 78% da população com rede de esgoto, 55% em operação. Eu tenho 78% de rede instalada e eu não consigo atender 100% desse universo. Somente 78% tem condições de ser atendido, de tratar. O segundo ponto, o preço da tarifa, que é exorbitante o que é cobrado pelo metro cúbico de água residencial e comercial em Palmas.
Por exemplo, o Nordeste todo tem dificuldade de ter água. São águas tratadas com dificuldade de buscar em algum lugar. O metro cúbico de água lá, residencial, é infinitamente menor do que o residencial do Tocantins, que tem água em abundância. Os mananciais do Taquaruçu, do Macaquinho, do Macacão e do Taquaruçu Grande abastecem quase 50% da população de Palmas. É uma água limpa, saudável, que tem muito pouco investimento para chegar à torneira tratada.
A Câmara está finalizando um estudo que será apresentado à Comissão na terça-feira dizendo quais são os pontos que nós vamos realmente poder apresentar à população. Mas eu posso deixar aqui um recado escrito: não terminará em pizza. Nós vamos apresentar um resultado altamente positivo para a população de Palmas da CPI e da BRK. Podem ficar tranquilos. Nós temos 180 dias, prorrogáveis por igual período. Então, não tenho dificuldade de dizer que o resultado será positivo.
Como já é a terceira vez que a Câmara instala um CPI para apurar as mesmas suspeitas, a população tem uma ideia de que não avança porque os vereadores utilizam esse mecanismo como barganha política. Como é que o sr. avalia esse tipo de percepção do palmense?
A população faz uma análise, às vezes crítica, e uma crítica até positiva. Nesse ponto, eu quero falar para o sr. o seguinte: não há interesse da Câmara em abrir uma CPI por quesito político. Claro, o político está envolvido, porque aqui é uma casa política, mas o interesse maior é de desenvolver um trabalho e apresentar um resultado que a população vá ficar satisfeita. O que é a CPI? A CPI investiga os fatos, ouve as partes, produz um relatório e o encaminha para o Ministério Público, para o Tribunal de Contas e para a Prefeitura Municipal, o Poder Executivo. E o nosso encaminhamento, vai como relatório, sugerindo quais são as decisões que devem ser tomadas, tanto pelo Ministério Público, quanto pelo Tribunal de Contas e pela Prefeitura de Palmas. São esses órgãos que, depois do nosso relatório pronto, tomam as decisões. E o nosso relatório está lá. Agora, o nosso relatório, esse ano, vai discutir vários pontos.
Eu vou te dar um exemplo. Nós identificamos que eles contrataram uma empresa para fazer uma auditoria de 2013-2014, que eles acharam, nessa auditoria, um déficit compensativo dos investimentos que eles fizeram de 253 milhões de reais. Nesse mesmo período, a Prefeitura, na época, quando a empresa ia contrair um financiamento, o município entrava como avalista. Nós autorizamos a empresa a contrair um financiamento de R$ 560 milhões. Dos R$ 560 milhões, R$ 240 milhões seriam investidos em Palmas. Citando, inclusive, as quadras, os bairros. Onde seria investido. Nós encontramos ausência, e estou falando isso aqui agora, antecipando, mas isso vai fazer parte do relatório da CPI. Ausência de prestação de conta, de investimentos nas quadras, entendeu? E nós pudermos analisar, isso precisa ser visto claramente pelos técnicos que vão fazer o trabalho, para saber se esses R$ 253 milhões encontrados na diretoria é para compensar os R$ 240 milhões que eles investiram.
Isso é estudo ainda, mas está pronto um relatório que nós estamos preparando aqui, internamente, para a comissão poder fazer seu trabalho. Mas podem ter certeza, tem a questão política, mas tem a questão administrativa, que para nós é mais interessante, poder mostrar que a CPI apresentará um resultado que possa satisfazer a população.
Como o sr. avalia a gestão da prefeita, sobretudo depois dos escândalos políticos revelados pelas operações da Polícia Federal, que prendeu secretário com dinheiro guardado em casa, cuja origem não foi explicada. É possível avaliar o tamanho do desgaste?
Todas as gestões deixaram a sua marca. Cada uma com a sua condição. A prefeita Cinthia vai deixar a marca da valorização do servidor público, do amor e sentimento por essa cidade, de uma organização de uma cidade que é limpa, que é bonita. Todas as pessoas que visitam Palmas, observam que é uma cidade totalmente diferente. A prefeita resgatou promessas antigas. A gestão da prefeita é positiva.
A prefeita delega ao secretário para ele gestar. A prefeita só participa na discussão quando consolida as contas no Tribunal de Contas. Então, você tem a prefeitura com 32 secretarias, nós temos 300 e poucos mil habitantes. Uma secretaria de Palmas equivale por 10, 15 municípios do interior. Então, o secretário trabalha, inicia o processo, tramita nos órgãos, volta para lá. O processo passa pela prefeita, mas as assinaturas e os pormenores não passam por ela.
Quando você cuida das pessoas, cuida da cidade.
Desgaste, com certeza teve. Mas nada foi colocado como se a prefeita Cintia tivesse participação. E a Polícia Federal é para isso mesmo. Os órgãos fiscalizadores, orientadores, estão aí para investigar, para não deixar o erário público ser gasto com aquilo que não está ordenado para ser gasto. E a prefeita Cintia, imediatamente, abriu as portas da Prefeitura para que se pudesse identificar o problema e punir os que são culpados por isso.
A gestão da Cinthia é uma gestão bastante tranquila. Se fizermos a avaliação, você vai ver que o que ela fez nos últimos seis anos supera gestões anteriores em construção, em valorização do servidor. Para você ter uma ideia, tem servidor que tinha parcela de 120 meses, 10 anos, e ela pagou em dia, resgatou progressão, perca salarial, melhorou os planos de carreira. Vai chegar na Câmara Municipal de Palmas até o dia 29 de outubro, dia do Servidor Público, um projeto de lei para concurso público, projeto de lei para melhorar os planos de carreira do servidor do município de Palmas. Então, ela é uma gestora voltada para as pessoas e quando você cuida das pessoas, você cuida da cidade.