MAB contesta licença para obras no Pedral do Lourenço e alerta para impactos sociais e ambientais

27 maio 2025 às 14h26

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O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se manifestou contra a concessão da licença de instalação para o início das obras de derrocamento do Pedral do Lourenço, no Rio Tocantins. A autorização foi emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, segundo o movimento, a intervenção terá efeitos sobre milhares de famílias que vivem na região.
Segundo o movimento, o projeto coloca em risco o meio ambiente e a segurança alimentar das comunidades locais. “A obra irá causar a diminuição da quantidade de peixes, contaminação da água, o desaparecimento de espécies, entre outros transtornos, sem previsão de reparação compatível com o tamanho dos danos”, destaca o MAB. O movimento ainda aponta falhas no Estudo de Impacto Ambiental, que, de acordo com a entidade, “não dimensiona a totalidade dos impactos, causando prejuízos gigantescos para as comunidades que tampouco foram reparadas pela construção da hidrelétrica de Tucuruí”.
A justificativa apresentada para a obra é a viabilização da navegação plena no Rio Tocantins, com o objetivo de facilitar o transporte de commodities. O MAB, no entanto, avalia que o discurso em torno do progresso ocorre “às custas da vida e do bem-estar de tantas famílias que vivem à beira do rio”.
O movimento também expressa preocupação com os impactos ambientais que podem ocorrer, como a destruição de habitats naturais, alterações na dinâmica do fluxo do rio e mudanças na sedimentação, que podem provocar instabilidade nas margens e nos ecossistemas. Para o MAB, ignorar os povos tradicionais da região representa uma grave violação dos direitos humanos.
A decisão ocorre no mesmo ano em que o Brasil se prepara para sediar a COP30 no estado do Pará, o que foi classificado pelo movimento como uma contradição. “É alarmante que, no ano em que o Brasil se prepara para sediar a COP30 no Pará, uma decisão tão contraditória seja tomada e comemorada”, afirma a nota.
O MAB reforça que continuará atuando contra o projeto. “Não podemos aceitar que interesses econômicos se sobreponham ao bem-estar das comunidades e à preservação do meio ambiente. É hora de agir e lutar contra mais um grande projeto de destruição”, conclui o movimento.