O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) notificou as empresas responsáveis pelo transporte para a remoção dos caminhões submersos no Rio Tocantins, após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, ocorrido em 22 de dezembro, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). O trabalho de retirada é considerado complexo e delicado, com previsão de duração de 15 a 30 dias, dependendo das condições de segurança. A prioridade, no momento, é a remoção de corpos, em colaboração com a Defesa Civil.

Nesta quinta-feira, 26, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) realizou a 1ª Reunião da Sala de Crise, transmitida ao vivo pelo canal da ANA no YouTube. O encontro reuniu representantes de diversos órgãos federais e estaduais, incluindo o Ibama, com o objetivo de compartilhar informações e planejar medidas relacionadas à qualidade da água do Rio Tocantins, após o acidente que resultou no colapso da ponte. O evento também teve como foco os riscos e as ações previstas para mitigar os impactos sobre o uso múltiplo das águas na região, desde o local do incidente até áreas a jusante (rio abaixo).

A diretora-presidente da ANA, Veronica Sánchez da Cruz Rios, e o diretor interino, Marcelo Medeiros, destacaram que a reunião visava alinhar as ações de resposta, com ênfase no monitoramento da qualidade da água. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) informou que está colaborando com a ANA na coleta de amostras e no monitoramento hidrológico da região.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (Sema/MA) inicialmente recomendou a suspensão das captações de água a jusante do acidente, mas, após novas análises, essas captações foram retomadas. Segundo a Sema/MA, as avaliações indicaram que não houve vazamento de substâncias químicas e que o nível de toxicidade da água é baixo, sendo seguro para o consumo humano. A secretaria também ressaltou a grande capacidade de diluição do rio, que contribui para a redução dos riscos associados à qualidade da água.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informou que está em articulação com órgãos como a ANA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para análise da qualidade da água e cooperação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Comissão Nacional de Segurança Química. Estas ações visam a estruturação de planos de resposta rápida a acidentes químicos, como parte dos preparativos para enfrentar potenciais contaminações.

A Defesa Civil do Maranhão levantou questões sobre possíveis riscos ao abastecimento de água por poços e a existência de planos de contingência caso ocorra um vazamento. No entanto, a Sala de Crise indicou que os riscos para o abastecimento com água subterrânea são mínimos. O monitoramento contínuo da qualidade da água tem sido realizado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), que afirmou que não foram detectadas anomalias nas análises realizadas a cada duas horas. A empresa de saneamento BRK, que realiza captações subterrâneas no Tocantins, também informou que não há risco para o abastecimento.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou o planejamento das operações da Usina Hidrelétrica Estreito, localizada no Rio Tocantins. O ONS explicou que as vazões têm sido reduzidas durante o dia para facilitar as operações de resgate, e elevadas à noite, com a previsão de aumento das vazões a partir do dia 31 de dezembro, com o objetivo de controlar o nível do reservatório.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) trouxe as previsões de chuvas para a região, indicando precipitações acima da média, o que pode resultar na elevação das vazões no Rio Tocantins.

O Ministério da Saúde atualizou informações sobre os possíveis efeitos da exposição a produtos químicos, destacando que os riscos são mais significativos para o meio ambiente do que para a saúde humana, com impacto potencial sobre fitoplanctons e organismos aquáticos. No entanto, os especialistas consideram improvável que haja riscos de exposição aguda ou crônica aos produtos químicos no momento.

As autoridades também atualizaram as informações sobre a situação da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) relataram que, apesar da presença de veículos na parte restante da ponte, não há risco de queda, pois os veículos estão localizados sobre a parte seca do rio. As equipes estão trabalhando para remover os veículos.

Na próxima segunda-feira, 30 de dezembro, ocorrerá a 2ª Reunião da Sala de Crise, com o objetivo de continuar o acompanhamento da situação, atualizar as informações sobre a qualidade da água e subsidiar a tomada de decisões para reduzir os riscos e impactos relacionados ao acidente.