Impactos da ação humana no Monumento Natural das Árvores Fossilizadas são mapeados em pesquisa
17 junho 2024 às 11h22
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Na quarta-feira, 12, iniciaram-se as atividades de campo no Monaf, localizado em Bielândia, distrito de Filadélfia, no norte do Tocantins. O objetivo da pesquisa é mapear os afloramentos fossilíferos que estão vulneráveis às atividades humanas no Monaf. A pesquisa é financiada pelo Governo do Tocantins, por meio de um edital do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), com um investimento de R$ 100 mil. O projeto é coordenado por pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Porto Nacional, com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), Museu Nacional do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Monaf, uma Unidade de Conservação estadual gerida pelo Naturatins, está situado na Bacia Sedimentar do Parnaíba e abriga a Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional. Este local é um importante cenário para diversas pesquisas científicas de relevância nacional e internacional.
O prefeito de Filadélfia, David Bento, junto com colaboradores e representantes do Legislativo municipal, esteve presente para prestigiar o início das atividades e promover o município por meio da ciência.
O projeto de pesquisa identifica como um dos principais desafios para a preservação dos sítios paleontológicos a presença de propriedades privadas no Monumento. Embora a legislação permita tais propriedades na categoria Monumento Natural, conciliar os interesses da UC com os dos proprietários é difícil. “Assim, o objetivo deste projeto é identificar e mapear os afloramentos fossilíferos vulneráveis a atividades humanas impactantes à preservação dos fósseis, tanto na área quanto na zona de amortecimento do Monaf. Como objetivos específicos, pretende-se propor medidas mitigadoras e compensatórias, prospectar fósseis para reinvestigar antigas áreas e registrar novas localidades fossilíferas, incrementar a coleção de Paleontologia do Laboratório de Paleobiologia da UFT e do Museu Nacional, estabelecer afinidades taxonômicas dos espécimes da lignoflora fóssil e inferir as condições paleoambientais e paleoecológicas das plantas”, descreve a coordenadora Etiene Fabbrin Pires Oliveira, da UFT.
Atividades de Pesquisa
A metodologia do projeto envolverá três atividades principais: mapeamento de afloramentos com extensas atividades de campo, utilizando técnicas geológicas diversas; análise dos impactos ambientais conforme o roteiro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); e análises paleobotânicas, incluindo coleta e descrição anatômica da lignoflora fóssil, confecção de lâminas petrográficas, análise de seções delgadas, datação de amostras dos afloramentos e exposição permanente de peças no Museu Nacional.
O desenvolvimento do projeto visa auxiliar a gestão da UC em uma nova proposta de plano de manejo, além de promover a divulgação científica da UC como um local importante para preservação.
Para Hermísio Aires, supervisor do Monaf, a pesquisa fortalece vínculos institucionais entre Naturatins, UFT, UFNT e Museu Nacional do Rio de Janeiro, além de contribuir para a identificação de atividades humanas que impactam negativamente o Monaf e propor medidas mitigadoras. A pesquisa também estabelecerá novos locais de visitação e coleta e permitirá novas investigações paleontológicas. “A pesquisa no Monaf, independentemente de sua natureza, é sempre bem-vinda. Este projeto, com o objetivo de ‘conhecer para preservar’, visa identificar e mapear novos afloramentos vulneráveis a atividades humanas que impactam a preservação dos fósseis. Os resultados ajudarão a gestão do Monaf a tomar decisões mais assertivas e propor medidas de proteção mais específicas para preservar este patrimônio cultural”, ressaltou o supervisor.
Ainda segundo o gestor da UC, um resultado interessante para o Monaf e para o Naturatins será a divulgação do patrimônio existente, com a proposta de incrementar a coleção de paleontologia da UFT e expor uma amostra de árvore fossilizada no Museu Nacional, o que trará visibilidade ao Monaf, Naturatins e ao Estado do Tocantins através da promoção científica.