Investigação sobre Banco Master leva BRB a reavaliar expansão nacional e contratos no Tocantins
15 dezembro 2025 às 09h24

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A investigação da Polícia Federal sobre operações envolvendo o BRB (Banco Regional de Brasília) e o Banco Master levou a instituição financeira a reavaliar sua expansão para outros estados, com reflexos diretos em unidades da federação onde o banco passou a atuar recentemente, entre elas o Tocantins. A revisão foi comunicada internamente pelo atual presidente do BRB, Nelson de Souza, que afirmou a funcionários que a nova gestão analisa “como e se” o processo de crescimento seguirá, diante da necessidade de dimensionar os impactos das operações sob suspeita.
No Tocantins, o BRB assumiu, em junho deste ano, a gestão da folha salarial do governo estadual, dentro de um movimento de ampliação da atuação do banco a partir de contratos públicos e licitações em diferentes regiões do país. Além do Tocantins, a instituição venceu concorrências para administrar depósitos judiciais em estados como Alagoas, Bahia e Paraíba. Ao final de março de 2025, a carteira de depósitos judiciais sob gestão do BRB somava R$ 25 bilhões.
A presença do banco fora do Distrito Federal se intensificou nos últimos anos, no início de 2019, o BRB mantinha agências em seis estados além da capital federal. Em junho deste ano, já estava presente em 19 estados, mas parte desse avanço, no entanto, começou a ser revista. Em 2025, o banco fechou mais de 20 agências na Bahia, abertas entre 2021 e 2023, e colocou à venda o mobiliário utilizado nessas unidades.
Em nota, o BRB informou que está “focado na consolidação e no fortalecimento de seus negócios” e que não há decisão ou processo em andamento para venda de ativos fora do Distrito Federal. A instituição acrescentou que os contratos em execução seguem mantidos e que novos negócios serão analisados com base em critérios técnicos e regulatórios.
Operação Compliance Zero
A reavaliação ocorre após a deflagração da operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que apura a compra de carteiras de crédito e de papéis do Banco Master com indícios de irregularidades. A negociação para aquisição de parte dos ativos do Banco Master foi barrada pelo Banco Central. Com o avanço das investigações, o então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado e posteriormente exonerado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Nelson de Souza, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, foi nomeado para o cargo.
Paralelamente, a nova administração abriu uma auditoria interna para reavaliar contratos de patrocínio firmados pelo banco nos últimos anos. O BRB não detalhou os motivos da apuração e informou apenas que os contratos vigentes permanecem inalterados e pessoas que acompanham o processo afirmam que a auditoria integra uma análise mais ampla da atuação da instituição após o caso Master.
Expansão
A expansão da marca do BRB em nível nacional foi acompanhada por um aumento nos investimentos em patrocínios. Em 2020, o banco firmou um contrato anual de R$ 32 milhões para estampar sua marca na camisa do Flamengo, ação que ampliou a visibilidade da instituição. Desde então, o número de clientes cresceu em cerca de 3,7 milhões. Os gastos com patrocínios saltaram de R$ 7,2 milhões em 2019 para R$ 107,5 milhões no ano passado. Para 2025, a previsão é de R$ 125,8 milhões, dos quais R$ 82,3 milhões já haviam sido executados até o fim de setembro.
Embora a ampliação da atuação nacional tenha sido um dos principais eixos da gestão do BRB nos últimos anos, a atual direção indica que, neste momento, a prioridade é revisar contratos, reforçar a governança e reavaliar o ritmo de crescimento
