Ligue 180 registra aumento de 18,26% nos atendimentos em 2024 no Tocantins

06 fevereiro 2025 às 16h38

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Em 2024, a Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180, principal ferramenta do país para enfrentar a violência contra a mulher, registrou um total de 4.353 atendimentos no Tocantins, o que representa um aumento de 18,26% em comparação com o ano anterior, quando foram computados 3.681 atendimentos. No estado, as denúncias também subiram 14,75%, passando de 549 em 2023 para 630 em 2024. Deste total, 576 foram feitas por telefone e 48 por WhatsApp.
Entre as denúncias recebidas, 365 foram realizadas pela própria vítima e 264 por terceiros. O local mais frequente das violências continua sendo a residência compartilhada entre a vítima e o agressor, com 238 registros, seguido pela casa da vítima, com 229 casos.
Os dados revelam que muitas mulheres enfrentam situações de violência cotidiana, com 293 atendimentos indicando agressões diárias, enquanto 104 relataram ocorrências esporádicas. Mulheres negras e pardas são as mais afetadas, com 449 registros de denúncias. Os agressores mais comuns são os parceiros ou ex-parceiros, com 297 ocorrências.
De acordo com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o aumento no número de atendimentos reflete a maior confiança da população, especialmente das mulheres, no Ligue 180. Ela atribui esse crescimento à reestruturação do serviço desde 2023, com melhorias implementadas no âmbito do Programa Mulher Viver Sem Violência (Decreto nº 11.431/2023).
“Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhamento das denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal. Além disso, temos intensificado as campanhas para ampliar a divulgação do Ligue 180, inclusive o atendimento no WhatsApp”, explica a ministra.
Serviço
O Ligue 180 é um serviço gratuito e disponível em todo o Brasil, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo finais de semana e feriados. Em situações de emergência, deve-se contatar a Polícia Militar pelo telefone 190. O canal também está disponível via WhatsApp, no número (61) 9610.0180, ou por meio do QR Code abaixo.
Em 2024, o Ligue 180 registrou 691.444 atendimentos em todo o país, o que representa um aumento de 21,6% em relação ao ano anterior. As interações realizadas via WhatsApp, implementadas em abril de 2023, passaram de 6.689 em 2023 para 14.572 em 2024, um aumento de 63,4%.
Em média, o serviço registrou 2.051 atendimentos diários, somando 750.687 atendimentos em 2024, incluindo telefonia, WhatsApp, e-mail e outros canais. O número de denúncias também aumentou, passando de 114.626 em 2023 para 132.084 em 2024. Deste total, 38.470 foram feitas pela própria vítima, enquanto 86.105 foram anônimas.
Apontamentos
Das denúncias registradas em 2024, as mulheres negras representam a maioria, com 52,8% dos casos, somando 53.431 denúncias — 16.373 contra mulheres pretas e 37.058 contra mulheres pardas. As mulheres brancas foram responsáveis por 48.747 denúncias, seguidas por mulheres amarelas (779) e indígenas (620). Em 12.134 denúncias, a cor ou raça da vítima não foi identificada.
As faixas etárias mais afetadas pela violência são as mulheres entre 40 e 44 anos, com 18.583 denúncias, seguidas pelas de 35 a 39 anos (17.572 denúncias) e entre 30 a 34 anos (17.382 denúncias).
Em 2024, 573.131 violações foram reportadas ao Ligue 180, uma redução de 3,9% em relação a 2023, quando 596.600 violações foram registradas. A violência psicológica foi a mais comum, com 101.007 denúncias, seguida pela violência física (78.651), patrimonial (19.095), sexual (10.203), moral (9.180) e cárcere privado (3.027). É importante observar que uma denúncia pode incluir mais de um tipo de violação de direitos das mulheres.
Os dados de 2024 revelam que os agressores com vínculo íntimo ou familiar com as vítimas são os mais prevalentes. Companheiros(as) atuais e ex-companheiros(as) foram os suspeitos mais denunciados, com 17.915 e 17.083 casos, respectivamente.
O ambiente doméstico e familiar é o local mais comum das violações, com a “casa da vítima” aparecendo em 53.019 denúncias, seguida pela “casa onde reside a vítima e o suspeito” (43.097 denúncias) e a “casa do suspeito” (7.006). O ambiente virtual (internet) somou 6.920 denúncias.
As mulheres atendidas pelo Ligue 180 reportaram, em grande parte, a vivência prolongada de situações de violência. De acordo com os dados, 32.591 denúncias se referem a agressões que ocorrem há mais de um ano, e 18.798 casos indicam que a violência teve início há um mês.
Cerca de metade das denúncias (46,4%) apontaram que as vítimas eram agredidas diariamente, indicando a persistência do fenômeno. A violência “ocasional” foi registrada em 23.431 denúncias, seguida de “única ocorrência” (19.214) e “semanalmente” (10.945). A categoria “mensalmente” foi a menos frequente, com 2.453 registros. Em 13.982 denúncias, não foi informada a frequência das agressões.
Nova central
Em agosto de 2024, o Ligue 180 inaugurou uma nova central de atendimento, operando de forma independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. A empresa especializada contratada firmou um novo contrato no valor de R$ 84,4 milhões para a prestação de serviços continuados por múltiplos canais.
Além disso, o Ministério das Mulheres firmou acordos de cooperação técnica com dez estados para capacitar os pontos focais e melhorar o fluxo de encaminhamentos de denúncias. Os estados que já aderiram são Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Distrito Federal, além do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Com a nova central, o Ligue 180 passou a registrar também outros tipos de atendimentos, incluindo a disseminação de informações sobre direitos das mulheres e serviços especializados. A coordenadora-geral do Ligue 180, Ellen dos Santos Costa, destaca que, anteriormente, o serviço só conseguia quantificar as denúncias, o que dificultava a implementação de políticas públicas. “Além do mais, também é possível registrar manifestações sobre o atendimento realizado pelos órgãos que compõem a rede de atendimento à mulher, um mecanismo que ajudará os governos, em todas as suas esferas, a identificarem falhas do atendimento e destinarem esforços para o aprimoramento da rede”, afirma Costa.
Em 2023, a base de dados do Ligue 180 foi atualizada, com informações sobre mais de 2,6 mil serviços especializados da Rede de Atendimento à Mulher e detalhes sobre direitos e garantias da mulher em situação de violência. Para facilitar o acesso a essas informações, o Painel Ligue 180 foi lançado em fevereiro de 2024, no endereço www.gov.br/mulheres/ligue180.
O Ligue 180 é um serviço público gratuito do Governo Federal, disponível 24 horas, que orienta sobre os direitos das mulheres e sobre os serviços da Rede de Atendimento à Mulher. Além de analisar e encaminhar denúncias para os órgãos competentes, o serviço pode ser acessado também via WhatsApp (61) 99610-0180 ou por e-mail [email protected].