O Governo do Tocantins anunciou durante a Agrotins, a assinatura do Decreto nº 6.789 e do Projeto de Lei nº7. As medidas visam implementar políticas de polinização assistida e a regulamentação do transporte de abelhas nativas sem ferrão e cria o programa Poliniza Tocantins.

O programa foi feito para fortalecer a polinização dirigida utilizando abelhas locais para aumentar a produtividade. Espera-se que a polinização por meio de abelhas resulte numa melhora na quantidade e qualidade da produção agrícolas. 

O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Jaime Café, disse que essa modalidade de polinização permitirá ganhos expressivos para os produtores: “Estudos mostram que a polinização pelas abelhas melhora a qualidade das sementes e dos frutos, aumentando a produtividade das lavouras”.

O governador Wanderlei Barbosa e o secretário da Seagro, Jaime Café, assinam medidas para impulsionar a apicultura no Estado | Foto: Antonio Gonçalves/Governo do Tocantins

O Tocantins possui diversas espécies de abelhas sem ferrão, como jataí, uruçu e a mandaguari. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a produção em 2020 o Tocantins produziu 350 toneladas de mel. 

Polinização assistida

Conversamos com especialistas da Agrobee, empresa que trabalha fazendo a ponte entre os produtores rurais e os criadores de abelhas. A empresa também esteve presente na Agrotins com um stand, explicando como funcionava o processo de polinização assistida.

Vice-governador Laurez Moreira conhecendo o stand da Agrobee na Agrotins | Foto: Divulgação

O coordenador de desenvolvimento da Agrobee, Diego Oliveira, falou um pouco sobre como funciona esse processo: “Os apicultores alugam suas colmeias para esse serviço, recebendo entre 50 e 75 reais por colmeia, dependendo do mercado. É uma forma de diversificar a renda”, explica ele. Diego também enfatizou que o processo de polinização e de produção de mel são distintos: “O criador de abelhas maneja suas colmeias para a produção de mel, que é comercializado com a indústria ou vendido para consumo. Já a polinização agrícola, ou polinização assistida, envolve a introdução das colmeias nas lavouras, visando o benefício da lavoura, como a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos e sementes”, explicou o coordenador. 

Ele explicou que nos Estados Unidos, a maior parte da renda do criador de abelhas, cerca de 80% já vem do aluguel de colmeias para a polinização e que esse processo pode acontecer em breve no Brasil: “Atualmente, a maior parte da renda do criador de abelhas vem da produção de mel. No entanto, com a demanda crescente, esse cenário pode mudar. Em breve, a maior parte da renda do apicultor pode vir do aluguel de colmeias para serviços de polinização das lavouras. Isso é muito interessante porque pode transformar o mercado”.

A doutora Joyce Almeida Dias, coordenadora técnica da Agrobee, que esteve na Agrotins, nos contou qual o papel da Agrobee nessa intermediação: “Fazemos a conexão entre apicultores e meliponicultores, que possuem colônias de diversas espécies, com agricultores que querem aumentar a produtividade e melhorar a qualidade das suas lavouras de maneira sustentável”. Ela explicou como ocorre a polinização: “As colmeias são instaladas durante a florada. Por exemplo, na soja, que é nosso foco principal no Tocantins, elas são instaladas no pico de florada e permanecem na lavoura por aproximadamente 12 dias. Dizemos que elas polinizam durante a janela de aplicação, que é o período em que toda a parte de manejo da lavoura está voltada para essa fase. Após a retirada das colmeias, o produtor pode continuar com seu manejo habitual na área”.