O Ministério Público do Tocantins (MPTO) exonerou Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e assessor jurídico do procurador Ricardo Vicente da Silva. Ambos são investigados pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Sisamnes, deflagrada nesta terça-feira, 18, que investiga o vazamento de decisões judiciais do Superior Tribunal de Justiça (STJ).  

Thiago Marcos foi preso pela PF durante a operação. A prisão ocorreu após o cumprimento de mandados de busca e apreensão nos endereços de investigados. Goianyr Barbosa, ex-prefeito de Almas e pai de Thiago, também foi preso por jogar uma mochila com mais de R$ 20 mil aos agentes da PF. A defesa alegou que Goianyr achava se tratar de um assalto.  

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada pelo ministro Cristiano Zanin, determinou não apenas a prisão preventiva de Thiago Marcos, mas também seu afastamento da função de assessor jurídico no MPTO. Além disso, ele e o procurador Ricardo Vicente da Silva, que também é investigado, estão proibidos de manter contato e de se ausentar do país.  

A decisão do STF destaca a existência de uma conversa entre Thiago Marcos e o desembargador Helvécio de Brito Maia, no contexto da Operação Máximus, que apura supostas irregularidades no Poder Judiciário do Tocantins. De acordo com o ministro Cristiano Zanin, há indícios de que servidores do STJ teriam fornecido acesso indevido a informações sigilosas sobre investigações criminais, incluindo processos envolvendo desembargadores e o governador Wanderlei Barbosa.  

Em trechos da conversa registrados pela PF, Thiago Marcos menciona que possuía acesso a investigações sigilosas e que teria informado o governador Wanderlei Barbosa sobre a existência do inquérito da Operação Fames-19. “Quando avisei o tio Wanderlei, ele não acreditou. Ele falou: ‘Isso é conversa’. Eu tive em Brasília e fui exclusivamente para ver este inquérito, no que consegui o acesso, voltei, mostrei para o tio Wanderlei e falei: ‘Tio, quando a gente fala as coisas para o senhor, tá mostrando as coisas para o senhor, a gente tem é o interesse de ajudar, não é de passar nenhum medo, é pra tomar alguma providência se for necessária’”, teria dito Thiago ao desembargador Helvécio Maia.  

Ainda segundo a conversa registrada pela PF, Thiago teria repassado ao governador um pen drive contendo informações do inquérito da Fames-19, que tramitava sob sigilo de justiça no STJ, sob relatoria do ministro Mauro Campbell.  

O Ministério Público do Tocantins informou que todas as medidas determinadas pelo STF foram adotadas e que acompanha o desenrolar das investigações. “O Ministério Público do Tocantins (MPTO) informa que todas as medidas necessárias para atender à determinação do Supremo Tribunal Federal foram adotadas. A instituição reforça seu compromisso com a legalidade e a transparência e seguirá acompanhando o desenrolar dos fatos, colaborando com as autoridades competentes. Além disso, o MPTO esclarece que o servidor citado nas investigações que resultaram na operação da Polícia Federal foi exonerado do cargo nesta data”, diz a nota oficial do órgão.  

O Jornal Opção Tocantins procurou a defesa de Thiago Marcos e a assessoria do governador para comentarem o caso. Confira a nota governo do Tocantins a seguir.

Nota à imprensa

A defesa do Governador Wanderlei Barbosa esclarece que desde o dia 15 de abril de 2024 ele foi formalmente habilitado no inquérito da FAMES-19 junto com seus advogados, tendo, desde então, acesso regular ao processo por meio dos trâmites legais.

Dessa forma, não houve qualquer recebimento de informação privilegiada um vez que a conversa mencionada na investigação da Operação Sisamnes, encontrada no WhatsApp dos suspeitos, data de 28 de junho de 2024, quase três meses desde que a defesa do governador já possuía acesso integral ao processo.

Reforçamos que o Governador Wanderlei Barbosa não é alvo da investigação e nem foi citado no processo. Eventuais desdobramentos são de exclusiva responsabilidade dos investigados, não cabendo qualquer tentativa de vinculação ao governador por atos individuais de terceiros.

Destacamos ainda que Thiago Barbosa e Goianyr Barbosa, citados na investigação, não possuem qualquer vínculo com o Governo do Tocantins. Thiago era assessor do Ministério Público Estadual (MPE), e seu pai, Goianyr Barbosa, não ocupa cargo na administração estadual.

A defesa reitera sua confiança nas instituições e no devido processo legal, assegurando o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa.

Palmas, 18 de março de 2025.

Equipe Técnica de Defesa do Governador Wanderlei Barbosa