Nove acusados de levar mais de meia tonelada de cocaína em carga de melancia tornam-se réus por tráfico

13 agosto 2025 às 15h07

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O caso de tráfico de drogas identificado em uma carga de melancias resultou na denúncia de nove pessoas por associação para o tráfico de drogas, tráfico interestadual de drogas, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e falsidade ideológica. A decisão foi proferida pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Porto Nacional, Alessandro Hofmann Teixeira Mendes, nesta segunda-feira, 11.
Ao aceitar a denúncia, o magistrado destacou que ela atende aos requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal e não se enquadra nas hipóteses de rejeição previstas no artigo 695, que incluem inépcia, ausência de pressupostos processuais, falta de condições para o exercício da ação penal ou ausência de justa causa. O juiz determinou que todos os réus sejam citados para apresentar resposta à acusação, por escrito, por intermédio de advogado ou defensor público, com prazo de dez dias a contar do cumprimento do mandado de citação ou do comparecimento espontâneo do acusado, ou de seu representante legal, perante a Justiça.
No despacho, o magistrado registrou que “cabem às partes produzirem as provas de seu interesse, salvo aquelas que não puderem ser obtidas sem pronunciamento judicial”. Como exemplo, citou certidões de antecedentes de outras comarcas e informações para comprovação de eventual reincidência. Cada réu poderá apresentar argumentos que considerar relevantes, solicitar produção de provas e indicar até oito testemunhas, com contato telefônico, para intimação e participação nas audiências de instrução.

Processos protocolados
O processo, protocolado em 7 de agosto, aponta que os denunciados integravam uma organização criminosa estruturada com divisão de funções, dedicada principalmente ao tráfico interestadual de drogas. As investigações, conduzidas pela Polícia Federal e pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), ocorreram entre novembro de 2024 e abril de 2025. Nesse período, foi apreendida uma carga de 556 kg de cocaína em um caminhão que transportava melancia no município de Fátima. Em outra ação, foram encontrados 14 tabletes de cocaína e maconha em uma chácara associada ao grupo.
De acordo com o processo, o líder da célula tocantinense da facção, de 50 anos, coordenava a logística para recebimento e distribuição de carregamentos de cocaína, que chegavam por via aérea em pistas indicadas por ele e eram armazenados em Marianópolis e Porto Nacional antes da distribuição. Ele, o filho de 23 anos, um homem de 63 e outro de 42 anos são apontados como responsáveis pelo armazenamento, transporte e distribuição da droga nos estados do Tocantins, Pará, Goiás e Bahia.
Outros dois acusados, sendo um jovem de 23 anos e um motorista de 38 anos, que conduzia o caminhão com melancia, teriam atuado no transporte da droga. Um Oficial Investigador da Polícia Civil do Tocantins, de 56 anos, e um vigilante, de 45 anos, respondem por falsidade ideológica e posse ilegal de arma de fogo, por supostamente registrarem armas em nome de um deles para abastecer o grupo. O policial também é acusado de registrar e apresentar à Polícia Federal dois boletins de ocorrência para instruir e atualizar cadastros de armas em seu nome. Outro acusado, de 33 anos, teria registrado boletim de ocorrência de furto de quatro armas junto à Polícia Federal, com o objetivo de evitar apreensão do armamento em ações policiais.
Entenda o crime
Em abril deste ano, cinco pessoas foram presas em flagrante por suspeita de tráfico internacional de drogas. Com elas foram apreendidos mais de meia tonelada de cocaína, encontrados em uma carreta que transportava melancias. Durante as investigações, o motorista preso em flagrante teria confessado à Polícia Federal que receberia R$ 20 mil pelo transporte. A confissão também foi comunicada a dois policiais que participaram da abordagem.
O motorista informou que saiu de Santa Fé de Goiás (GO) no dia 7 de abril com destino a Santa Izabel (PA), transportando melancia. Segundo o relato, o caminhão apresentou problemas mecânicos e ele parou em um posto de Porto Nacional, onde foi abordado por dois homens em uma picape branca. Os suspeitos teriam oferecido R$ 20 mil para que ele levasse a carga de cocaína ao destino. Ele disse que, por enfrentar dificuldades financeiras, aceitou a proposta, com pagamento previsto após a entrega.
A Polícia Federal informou que esta é a maior apreensão de cocaína dos últimos 15 anos no Tocantins. Além da droga, foram apreendidos dinheiro em espécie, veículos utilizados na logística de distribuição, cinco armas de fogo de uso restrito e proibido, entre elas pistolas e carabinas com numeração raspada e sem registro legal. Os envolvidos foram levados à Superintendência Regional da Polícia Federal no Tocantins, em Palmas, e indiciados pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e posse ilegal de armas de fogo de uso restrito e proibido. As penas somadas podem ultrapassar 47 anos de reclusão.
Após a apreensão, cerca de 30 toneladas de melancia encontradas junto aos pacotes de cocaína foram doadas para escolas em Palmas. Segundo a Polícia Federal, a medida teve o objetivo de evitar o perecimento e o desperdício das frutas.